Danuza Rosa Flores, de 21 anos, sonhava em estudar na área de beleza, mas deixava o desejo de lado por não ter condições financeiras para arcar com um curso. Há pouco tempo, o que antes era utopia se tornou realidade. Danuza frequentou o Curso de Barbearia do Centro de Juventude Cruzeiro, em Porto Alegre, e agora almeja abrir um salão de beleza dentro da própria casa.
Este é apenas um dos quase 2 mil casos envolvendo jovens com idades entre 15 e 24 anos beneficiados nos Centros da Juventude do Programa de Oportunidades e Direitos (POD), na Capital e em municípios na Região Metropolitana. Nos CJs, como são chamados, os integrantes participam de cursos profissionalizantes, aulas de reforço escolar e atividades de esporte, cultura e lazer. A iniciativa do Governo do Estado, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), já formou 350 novos profissionais, encaminhou cerca de 200 a vagas de emprego e soma, pelo menos, 20 empreendedores.
Localizados nos bairros Cruzeiro, Lomba do Pinheiro, Restinga e Rubem Berta, em Porto Alegre, e nas cidades de Alvorada e Viamão, os centros oferecem cerca de 20 cursos profissionalizantes, reforço escolar e em torno de 50 oficinas de artes, cultura, esportivas e de cidadania. Ao mesmo tempo em que participam das atividades, os jovens são preparados para o mercado de trabalho. Os CJs acompanham e auxiliam na execução dos planos de negócios ou encaminham para vagas em empresas parceiras.
Segundo o técnico de Relação Instituição e Empresa do CJ Lomba do Pinheiro Lucas Moura Bento, o Programa muda a forma como o aluno é visto dentro da comunidade. Muitas vezes considerado como "problema", o estudante passa a ser avaliado como um jovem trabalhador, com um novo projeto de vida.
– Aqui, eles têm a oportunidade de conviver com pessoas de outras condições sociais e realidades diferentes. Acredito muito que bons exemplos influenciam para o bem – destaca.
Os territórios
Nas seis áreas do Rio Grande do Sul com os maiores índices de mortes violentas de jovens na faixa dos 15 aos 24 anos, segundo dados do Governo do Estado e do BID, a estratégia é investir em educação, qualificação profissional e segurança.
– Temos que aproveitar o potencial e a energia da juventude para desenvolver essas comunidades e construir uma cultura de paz. E o POD está comprovando que estamos no caminho certo. Eles chegam buscando qualificação profissional, às vezes, até um apoio para uma situação mais vulnerável, e saem empreendendo – conclui o coordenador do Escritório de Projetos da Secretaria de Desenvolvimento Social, Trabalho, Justiça e Direitos Humanos, Aldo Peres.
As metas são ambiciosas: o Programa de Oportunidades e Direitos tem a meta de atender, no mínimo, 3, 6 mil jovens ao ano nos seis centros da juventude. Os investimentos somam
US$ 56 milhões.
Quatro pilares de atuação
Prevenção: cursos profissionalizantes, reforço escolar, arte, cultura, esporte e lazer e atendimento psicopedagógico.
Efetividade Policial: implantação de seis bases de policiamento comunitário, compra de viaturas e treinamento de efetivos, além de novas tecnologias para análise criminológica.
Modernização do Sistema Socioeducativo: qualificar o atendimento na Fase-RS, trabalhar na construção de três novas unidades e na ampliação do Case Novo Hamburgo aumentando 30% a capacidade de internação.
Fortalecimento Institucional: com a criação de um observatório da juventude, a Secretaria de Desenvolvimento Social, Trabalho, Justiça e Direitos Humanos terá informações e estatísticas completas sobre os jovens dos territórios atendidos.
Para saber mais acesse: pod.rs.gov.br