Concluir o Ensino Médio, fazer um curso em uma universidade e ingressar no mercado de trabalho. Essa é a considerada ordem “natural” de uma carreira profissional, mas nem sempre é possível segui-la e não é, em todos os casos, a mais efetiva. Voltar aos estudos após iniciar em uma profissão ou começar uma qualificação anos após concluir o colégio é um movimento cada vez mais comum. Universidades como a PUCRS incentivam esse processo e até oferecem formatos de ensino diferenciados para quem quer buscar conhecimento e voltar à sala de aula mesmo com uma idade mais avançada.

A psicóloga Jaqueline Mânica é professora da Escola de Ciências da Saúde da PUCRS e gestora do Escritório de Carreiras. Ela avalia o momento atual, de crise política e econômica, como estopim para reflexões individuais e possíveis mudanças. Nas pessoas entre 50 e 60 anos de idade, isso se torna mais aflorado pelo episódio ao qual ela se refere como "ciclo do desenvolvimento".
– Nessa altura da vida, começamos a perceber a finitude das coisas e passamos por uma fase de autoconhecimento. Mais maduros, em plenitude física e com certos aspectos da vida já encaminhados, abrimos um novo leque de possibilidades que inclui mudanças na carreira e a busca por coisas que em outros momentos talvez fossem inalcançáveis. Assim, a alternativa de encarar uma nova graduação - ou até mesmo a primeira - torna-se possível – opina.
Voltar aos estudos após certa idade exige estar aberto a novas aprendizagens. Cognitivamente, este aluno não perde em nada para os mais jovens, mas é preciso estar disposto a perder o medo de se atualizar e quebrar paradigmas.
– O modelo de aula com o qual estes estudantes estão acostumados é bem diferente do atual. É preciso adaptar-se ao digital, por exemplo, e saber conciliar trabalho e estudos. Tudo passa pela organização: compartilhar tarefas em casa e alertar no trabalho o desejo de estudar pode ser um bom começo – aconselha.
Alunos que ingressaram mais tarde na Universidade são exemplo de dedicação
Oscar Lorenzo Inzulza foi aluno da PUCRS entre 2012 e 2016, quando se formou em Direito aos 67 anos de idade. Chileno, ele chegou ao Brasil em 1975 e cursou Economia entre 1979 e 1982. Foram 30 anos trabalhando na área, em Porto Alegre, até decidir-se pela segunda graduação.
No meu trabalho, seguidamente contratava-se advogados para realizar os trâmites legais e administrativos. Aos poucos fui me encarregando destas tarefas e me interessando pelo assunto. Daí até resolver fazer o curso de Direito foi um pulo, não foi uma decisão difícil.
OSCAR LORENZO INZULZA
Advogado e economista
Ele conta que a volta às aulas não foi uma dificuldade. Pela experiência que tinha, sempre buscava participar das aulas com perguntas e colocações e a turma foi bem receptiva. Inzulza teve outros colegas de mais idade no Direito, mas que não chegaram ao final do curso. Ele espera que o seu exemplo seja um incentivo para que aqueles que querem voltar a estudar possam levar os estudos até o fim.
– Vivi a experiência ao máximo, aproveitei tudo o que pude. Não participava apenas das aulas, mas também participei de todas as festas da turma e inclusive ajudei a organizar algumas – diverte-se Izulza, que em 2017, aos 68 anos, foi aprovado na prova da OAB.

A história de Silvana Anghinoni é um pouco diferente. Trabalhando desde os 14 anos, teve que priorizar o salário que ajudava a família em casa e não tinha tempo para estudar. Isso até 2014, quando se aposentou e ingressou no curso de Pedagogia, na PUCRS.
Foi minha filha que me incentivou a estudar. Eu queria, mas não achava que conseguiria, foi a ajuda dela que me fez ir em frente. Sempre tive uma identificação muito forte com crianças e por isso escolhi a Pedagogia.
SILVANA ANGHINONI
Silvana se formou em janeiro de 2018, aos 59 anos. Na formatura, recebeu o troféu Marcelino Champagnat, entregue em todas as cerimônias para o amigo ou amiga da turma. Ela considera essa boa relação com os colegas um dos motivos que tornou os quatro anos na Universidade uma experiência “inesquecível”.
– Eu era como a mãezona da turma, incentivava as meninas a continuar estudando e se dedicando às aulas. Em contrapartida, elas me assistiam na parte de informática e apresentações – conta Silvana, que nesse ano irá trabalhar como voluntária na alfabetização de crianças em uma escola pública.
Certificações de estudos oportunizam complementar graduação
A fim de disponibilizar mais autonomia na formação universitária dos alunos, a PUCRS lançou as Certificações de Estudos. São ênfases em uma determinada área relacionada com o curso do estudante. Funciona realmente como um complemento: além dos créditos previstos no conteúdo programático, o aluno cursa créditos extras – que podem ser substitutos de créditos eletivos – e, na formatura, recebe este certificado. Por exemplo: um aluno pode se formar bacharel em Publicidade e Propaganda com certificação em Comunicação Digital Corporativa, uma das Certificações oferecidas pela Escola de Comunicação, Artes e Design.
As Certificações de Estudos integram a proposta de trajetória acadêmica aberta (veja o vídeo abaixo), um dos eixos do movimento PUCRS 360°.
PUCRS disponibiliza ingresso no primeiro semestre
Mesmo após o término do vestibular de verão, a PUCRS ainda oferta vagas para cursar uma graduação no primeiro semestre de 2018 por meio do vestibular complementar, que encerra as inscrições dia 22 de fevereiro. A prova, única e de redação, ocorre no dia 28 de fevereiro.
Outra forma de ingresso é o de diplomado. O estudante que já tem uma graduação e deseja iniciar um novo curso também pode começar as aulas em março de 2018. Para quem é graduado pela PUCRS tem 25% de desconto nas mensalidades. Outra opção é o pedido de transferência, que ainda pode ser realizado neste mês.