O dólar à vista encerrou a sessão desta segunda-feira (31) praticamente estável em relação ao real. Com mínima a R$ 4,7135 logo após a abertura e máxima a R$ 4,7601 no fim da manhã, a moeda fechou cotada a R$ 4,7295, recuo de 0,03%. A sessão foi marcada pela disputa técnica em torno da formação da última taxa Ptax de julho e pela rolagem de posições no segmento futuro.
Apesar da arrancada do Ibovespa, o clima de cautela marcou o mercado de câmbio, com investidores optando por ajustes finos à espera da magnitude do corte da taxa Selic que deve ser anunciado na quarta-feira (2). Mesmo com fôlego curto do real nesta segunda, o dólar à vista encerra o mês com queda de 1,25%, dada a valorização as commodities e o otimismo com o Brasil. No ano, a moeda americana acumula perdas de 10,43%.
— Possíveis zeragens de posições e rolagem de contratos futuros ditaram o rumo do dólar hoje — afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, ressaltando que houve uma pressão vendedora no mercado futuro à tarde que tirou fôlego do dólar à vista.
— A disputa da Ptax não gerou tanta volatilidade como de costume. Tivemos compras de importadores e muitas empresas fazendo remessas de fim de mês para matrizes que levaram o dólar a subir mais pela manhã — observa o analista Elson Gusmão, da corretora Ourominas.
No Exterior, o índice DXY operou em alta nesta segunda, com máxima aos 101,903 pontos à tarde. O dólar também subiu na comparação com divisas latino-americanas pares do real. Do outro lado da gangorra, moedas de países desenvolvidos exportadores de commodities, como o dólar australiano, subiram, em meio a medidas de estímulo à economia na China.
— Os investidores estão tranquilos com as apostas de queda dos juros. Ainda teremos um juro real bastante interessante para operações de carry trade — afirma Galhardo, da Treviso Corretora, que não vê, contudo, espaço para uma rodada mais forte de apreciação do real e projeta taxa de câmbio oscilando em uma banda entre R$ 4,70 e R$ 4,90 no curto prazo.
A curva de juros futuros doméstica mostra 70% de chances de que o Comitê de Política Monetária (Copom) reduza a Selic em 0,50 ponto porcentual nesta semana, enquanto a maioria dos economistas projeta queda menor, de 0,25 ponto.
É grande a expectativa em torno do comunicado do Copom, que pode apresentar grau maior de divergência com a chegada de novos integrantes. Será a primeira reunião com a presença do ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda Gabriel Galípolo, que assumiu a diretoria de Política Monetária, e do novo diretor de Fiscalização do BC, Ailton Aquino, indicado pelo governo do presidente Lula.
Ibovespa avança em julho
O dia foi de retomada bem distribuída pelas ações de maior peso no Ibovespa, com destaque para a forte recuperação em Petrobras (ON +5,26%, PN +4,54%), após a definição na última sexta-feira de alteração na política de dividendos da empresa — no mês, a ON acumulou ganho de 5,17% e a PN, de 5,35%. Vale ON subiu hoje 2,26% e, em julho, acumulou recuperação de 7,69%, ainda cedendo 20,48% no ano.
Na ponta do índice nesta abertura de semana, Carrefour Brasil (+8,29%), Dexco (+6,76%) e BRF (+6,20%). No lado oposto, Hypera (-1,68%), CVC (-1,65%) e Rede D'Or (-1,10%).
À frente de Nova York na última sessão do mês, onde os três principais índices flutuaram em torno da estabilidade e fecharam em leve viés positivo, o Ibovespa chegou a retomar os 122 mil pontos no intradia, sem conseguir sustentar a marca no fechamento. Ainda assim, acumulou ganho de 3,27% em julho, após avanço de 9% no mês anterior. Nesta segunda-feira, oscilou dos 120.187,87 aos 122.148,81 pontos, e encerrou o dia em alta de 1,46%, aos 121.942,98 pontos, com giro a R$ 21,9 bilhões nesta abertura de semana. No ano, o Ibovespa ganha 11,13%.
Na moeda americana, o Ibovespa fechou julho de 2022 a 19.937,90 pontos. Em 2023, em dólar, após ter chegado ao final do primeiro trimestre aos 20.100.65 pontos, o Ibovespa foi a 21.355,22 pontos no fechamento de maio e, no fim de junho, chegou aos 24.654,87 pontos, refletindo não apenas o avanço nominal do índice da B3 no mês, de 9%, mas também a apreciação do real frente ao dólar. Agora, com o dólar em queda de 1,25% ante o real em julho, e ganho pouco acima de 3% para o Ibovespa, o índice da B3, na moeda americana, subiu a 25.783,48 pontos.