Pelo quarto mês consecutivo, o Rio Grande do Sul mais contratou do que demitiu no mercado de trabalho formal. O Estado abriu 11.486 vagas com carteira assinada em abril. Os dados são do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho na tarde desta quarta-feira (31).
Esse foi o maior volume de vagas para um mês de abril no Estado nos últimos quatro anos, na série histórica do Novo Caged. O saldo positivo do quarto mês do ano é o resultado entre 120.882 admissões e 109.396 desligamentos no Estado nesse período. A criação de vagas de emprego com carteira em abril é ligeiramente menor ante março (12.444), mas ocorre em patamar maior ao observado no mesmo mês do ano passado, quando foram anotados 8.541 postos, levando em conta dados atualizados nesta quarta-feira.
O Caged carrega apenas dados do trabalho formal, e as informações são atualizadas mensalmente, o que pode provocar ajustes nos montantes divulgados em períodos anteriores e, consequentemente, nos acumulados.
No acumulado do ano, são 54.959 postos com carteira criados no Rio Grande do Sul. Em 12 meses, o montante ficou em 90.990. Mesmo com saldo positivo, a geração de empregos formais apresenta desaceleração em relação ao ano passado.
Lisiane Fonseca da Silva, economista que atua na área do mercado de trabalho e professora da Universidade Feevale, afirma que uma estimativa melhor em relação à atividade econômica do país tem peso no resultado mais expressivo de abril. A manutenção do bom desempenho de alguns setores na contratação, como o de serviços, também entra nesse movimento, segundo a especialista:
— A gente tem uma perspectiva um pouco melhor de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) nacional. Isso, de certa forma, repercute de maneira abrangente. Outro aspecto é que, apesar do juro elevado, que impacta principalmente a indústria e o comércio, o setor de serviços está mantendo crescimento.
O recorte por grupos econômicos conversa com a análise da professora. Entre os setores pesquisados, serviços lideram com abertura de 6.658 vagas abertas em abril. Na sequência, aparecem comércio (+3.219), indústria (+2.620) e construção (+565). Agropecuária é o único segmento com saldo negativo no mês, com o fechamento de 1.576 postos.
A economista-chefe da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado (Fecomércio-RS), Patrícia Palermo, afirma que o bom desempenho de serviços e comércio em abril surpreende em um cenário de estiagem, inflação elevada e de mercado de crédito desacelerando:
— O mercado de trabalho tem se mostrado bastante resiliente, o que é obviamente uma notícia positiva, mas que acaba gerando surpresa quando se analisa esses dados.
Na parte de serviços, Patrícia destaca o protagonismo que o setor costuma ter na geração de emprego. Em relação ao comércio, salienta a participação do segmento de hiper e supermercados nas contratações, movimento que deve ser uma resposta à abertura de novas lojas no Estado.
O economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, afirma que o desempenho negativo da agropecuária em abril é sazonal diante do período de fim de safra. No entanto, destaca que esse movimento ganha um peso adicional diante das perdas provocadas pela nova estiagem que afetou o Estado e impacta na contratação de mão de obra.
O país também anotou mais um mês positivo, com saldo positivo de 180.005 carteiras assinadas em abril. No acumulado dos quatro primeiros meses de 2022, foram geradas 705.709 vagas.
Futuro
Em relação à desaceleração da geração de vagas nos períodos acumulados, tanto a professora quanto a economista-chefe da Fecomércio afirmam que esse processo é natural em um contexto de acomodação após os picos de contratações nos últimos anos, durante reabertura após o período mais crítico da pandemia, além da atividade econômica lenta.
A professora da Feevale estima resultado positivo no mercado de trabalho formal nos próximos meses. No entanto, afirma que esse cenário depende de alguns fatores, como comportamento de inflação, dos juros e do nível de insegurança econômica.