Quase sete anos depois, a Petrobras mudou a política de preços de diesel e gasolina, substituindo o modelo baseado na cotação internacional. A estatal deixa de ancorar os valores exclusivamente no mercado internacional e passa a levar em conta outros itens, como competitividade do setor e custos da produção interna.
Com o novo modelo, existe uma tentativa de flexibilização na definição dos preços dos combustíveis. Na prática, a empresa tenta chegar em um meio termo, com um sistema que contemple valores mais baixos ao consumidor, em um viés social, e a rentabilidade dos acionistas.
Como era
Em 2016, a diretoria da Petrobras implementou, durante o governo de Michel Temer, política de preços que tinha como principal base a paridade com o mercado internacional, conhecida como PPI. Essa composição também levava em conta custos, como frete de navios, internos de transporte e taxas portuárias. Além disso, a estatal também usava uma margem praticada para remunerar riscos ligados à operação, como volatilidade da taxa de câmbio e dos preços sobre estadias em portos e lucro, além de tributos.
A essência desse modelo era baseada no valor dos combustíveis acompanhando a tendência do mercado internacional. Por exemplo, aumentos expressivos no Exterior respingavam no Brasil com mais intensidade, sem autonomia da estatal para tentar contrabalançar de maneira mais contundente.
Alguns dos críticos desse modelo avaliam que não faz sentido o Brasil, país com produção de petróleo em níveis consideráveis, levar mais em conta o preço do mercado externo do que os movimentos internos. Já os defensores entendem que esse modelo se impõe para evitar perdas ao não repassar os custos que enfrenta ao importar alguns produtos importantes para o setor.
Como fica
A política de preços não deve ficar exclusivamente ligada ao mercado internacional. Outras referências de mercado, como o custo alternativo do cliente, valor a ser priorizado na precificação, e o valor marginal para a Petrobras entram na conta agora.
Na prática, a Petrobras não abandona os preços praticados internacionalmente, mas diminui o peso desse indicador na composição. O valor externo passa a ser um dos itens que compõem. Em tese, a Petrobras teria mais autonomia para compor os preços.
Segundo a estatal, o custo alternativo do cliente contempla as principais alternativas de suprimento, “sejam fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos”. Já o valor marginal é baseado no custo de oportunidade dadas as diversas alternativas para a companhia, dentre elas, produção, importação e exportação do referido produto e/ou dos petróleos utilizados no refino.