Como o comunicado da Petrobras que anunciou o fim da "subordinação" à Política de Paridade de Importação (PPI) no início da manhã desta terça-feira (16) não detalhou a nova estratégia - o que deve ocorrer no final da manhã -, especialistas na área ainda querem saber de minúcias antes de se manifestar abertamente sobre o assunto.
Mas a coluna colheu algumas impressões: a primeira é a de que o fim da PPI é mais teórico do que prático, porque o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, já afirmou que alguma correlação internacional será mantida.
A segunda é que a nova política de preços deve se aproximar do que foi, na prática, a estratégia empregada no primeiro governo Lula, de repasses mais espaçados. Sem chegar ao limite de manter os preços congelados por um ano inteiro, como o próprio Prates afirmou na sexta-feira (12), na coletiva de apresentação de resultados trimestrais da estatal:
— Não precisamos voltar a um tempo em que não houve nenhum reajuste em um ano, como em 2006 e 2007 e também não queremos fazer a maratona de 118 reajustes de 2017, que inclusive gerou uma grande crise, que foi a greve dos caminhoneiros.
Mesmo analistas nada alinhados com o atual governo veem uma possibilidade de que essa estratégia funcione, desde que realmente não perca conexão com preços internacionais. A coluna ouviu, logo depois do anúncio da Petrobras, que esse será o grande teste da nova política: manter os preços alinhados ao mercado externo. E ouviu, também, uma alusão a uma famosa frase do líder Deng Xiaoping, que introduziu conceitos capitalistas na China: “não importa a cor do gato desde que cace o rato”.
O que era a PPI
Em 2016, na gestão Temer, com a Petrobras abalada por escândalos de corrupção, elevado endividamento e um congelamento "branco" de preços, que provocaram altos prejuízos, foi adotado o cálculo chamado Paridade de Preços de Importação (PPI). O objetivo era exatmente evitar que a estatal acumulasse perdas por não repassar aumentos de produtos que compra do Exterior, tanto petróleo cru quanto derivados, como a gasolina.
A fórmula inclui quatro elementos: variação internacional do barril do petróleo — com base no tipo brent, com preço definido na bolsa de Londres —, cotação do dólar em reais, custos de transporte e uma margem definida pela companhia, que funciona como seguro contra perdas. Mas havia um detalhe: era meio a fórmula da Coca-Cola de antigamente: seus componentes eram conhecidos, mas o método de cálculo, não, o que fazia com que houvesse grandes diferenças na tentativa de estimar qual era, afinal, a defasagem de preços em determinado período.
Leia mais na coluna de Marta Sfredo