O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira (26) que os incentivos anunciados na quinta-feira (25) para a indústria de veículos serão temporários e buscam apoiar o setor na transição entre o início do ciclo da queda dos juros e a recuperação do mercado.
Em entrevista na tarde de sexta à GloboNews, Haddad classificou a tentativa de resgate dos carros populares como um programa "tópico", que, prometeu, não vai se estender para além deste ano.
— Estamos falando de um programa que pode durar três ou quatro meses, não é estrutural — declarou o ministro, acrescentando que a duração ainda está em definição.
Na quinta, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, disse que o pleito da indústria automotiva é que os incentivos durem pelo menos um ano. Nesse caso, o programa poderia aumentar as vendas de automóveis entre 200 mil e 300 mil unidades em 12 meses, afirmou.
Haddad disse que pretende apresentar os detalhes da desoneração dos automóveis já na semana que vem, antes do prazo de 15 dias dado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
O ministro citou o fechamento de montadoras nos últimos anos ao justificar a preocupação com a estagnação do mercado de carros. Com o início dos cortes de juros, inflação controlada e melhora na perspectiva de crescimento econômico, projetou, as vendas de bens duráveis devem se recuperar com a volta do crédito, tornando os estímulos desnecessários.
— Tem um hiato que está nos preocupando — pontuou.
Ao rebater críticas de que a desoneração dos carros não atende consumidores de baixa renda, o ministro da Fazenda sustentou que o governo tem tomado medidas para todas as classes sociais, citando o reforço do Bolsa Família, o reajuste acima da inflação do salário mínimo e a atualização da tabela do imposto de renda.
— Estamos com foco em todos os problemas herdados e direcionando soluções. Não passa perto de um programa para 12 meses, estamos discutindo o prazo — emendou.
Contas feitas até domingo
Haddad disse que sua pasta e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços devem fazer contas até domingo (28) sobre o impacto da desoneração dos automóveis.
O ministro adiantou que o programa não deve chegar a um quarto do impacto fiscal estimado pelo mercado, de R$ 8 bilhões. As contas, disse Haddad, vão levar em consideração a perspectiva de redução dos juros, que deve tornar desnecessário o estímulo às vendas de carros antes do fim do ano.
Os cálculos preliminares já foram feitos, porém, disse o ministro, a equipe econômica precisa fechar a equação seguindo os critérios da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
— Não posso apresentar conta ao presidente sem estar fechada — explicou.