Com 121.273 contratações e 111.200 demissões, em janeiro, o Rio Grande do Sul registrou saldo positivo em 10.073 vagas formais de emprego no período. Significa que 12% das 83.297 do total da geração positiva apurada no país ficaram no Estado. O desempenho nacional reflete a diferença entre as 1.874.226 admissões e os 1.790.929 desligamentos em idêntico intervalo de tempo.
Os dados são do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, nesta quinta-feira (9), e trazem na esteira uma ressalva feita pelo ministro Luiz Marinho quanto a tendência de enfraquecimento da tração nos primeiros meses de cada ano. Em 2023, não foi diferente, porém, agora, o cenário também aponta, explica ele, para uma perda de força mais consistente da capacidade de contratações, em razão das perspectivas macroeconômicas, moldadas por juros elevados e altos índices de endividamento.
Nesse contexto, a renda média real das admissões chegou a R$ 2.012,78 – acréscimo de R$ 88,81 na passagem do final do ano passado para o início de 2023. Pela mesma base, a dos gaúchos subiu menos: R$ 52,49, batendo em R$ 1.882,69, no primeiro mês do ano, ou seja, R$ 130,09 inferior a nacional.
O economista e professor da Escola de Negócios da PUCRS Ely José Mattos diz que os desempenhos não são expressivos, o que é comum para o momento. Ele comenta que, ao contrário do Rio Grande do Sul, o saldo positivo do país está vinculado aos serviços, construção civil e indústria.
Essas diferenças regionais de tração resultaram em saldo positivo para 16 das 27 unidades da federação e negativo em 11. São Paulo (+18.663) Santa Catarina (+15.727) e Mato Grosso (+13.715) apuraram os maiores crescimentos. Paraíba (-1.717), Pará (-1.853) e Ceará (-3.033) tiveram os piores saldos entre contratações e demissões.
Desempenho aquém do ano anterior
A performance gaúcha de 10,1 mil ficou abaixo dos 17.223 postos criados em janeiro de 2022. Entre os setores, a agropecuária, com mais de 6,1 mil vagas, e indústria, com 3,4 mil, contribuíram de forma positiva em janeiro de 2023. Os serviços, responsáveis por mais de 60% do estoque total de vagas do país, mesmo que no campo positivo, acenderam a luz de freio no Estado, pois o saldo foi de apenas 1,8 mil.
— Somente a geração associada à safra de maçã teve mais de 6 mil contratações, que é o total do agronegócio no período. Ou seja, é um mês bastante sazonal e marcado por condições não muito expressivas, mas que devem permanecer ao longo do semestre, sem grandes fatos novos que mudem essa trajetória — afirma Mattos.
O comércio, de outro lado, assim como no Brasil, foi o único dos cinco grupos avaliados a ficar no campo negativo (veja mais no quadro abaixo). Por aqui, foram quase 3,5 mil empregos a menos neste segmento, principalmente, no varejo de vestuário e de alimentos.
Nada de anormal, explica a economista da Fecomércio-RS, Giovana Menegotto. Isso por que, tradicionalmente, esses desligamentos estão vinculados com o reforço de admissões temporárias para as equipes de vendas, durante as festas de final de ano.
— É um ajuste dessas ocupações e que veio maior, justamente, naqueles que mais contratam para o Natal e o réveillon — resume.
Ao analisar o contexto generalizado, ela faz duas ponderações. A primeira é que os dados de 2023 são consolidados sobre uma base que era bastante ampliada em 2022, quando ainda havia curva ascendente no mercado de trabalho, fruto da retomada da economia sobre o período mais crítico da pandemia. A segunda aponta, Giovanna, é que, mesmo assim, não anula-se o fato de que o atual momento é caracterizado por uma desaceleração do mercado de trabalho no país.