O Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) anunciou na noite dessa sexta-feira (23) a suspensão da greve de pilotos e comissários de bordo durante este fim de semana de Natal. A medida teve início às 6h deste sábado (24), e seguirá até as 12h de domingo (25).
De acordo com o sindicato, a categoria deverá divulgar até as 12h30 de domingo de Natal se aceita a mais recente proposta de acordo apresentada pelas empresas do setor. A nova sugestão mantém os valores de reajuste de reposição integral da inflação medida pelo INPC e mais 1% de ganho real, acrescentando duas cláusulas sociais: a possibilidade de alteração dos horários de folga mediante uma indenização e o início das férias contar a partir de um dia de final de semana, além da renovação dos termos da convenção coletiva da categoria.
A greve dos pilotos e comissários teve início na última segunda-feira (19). Desde então, diariamente parte dos profissionais da categoria interrompe o trabalho por duas horas durante a manhã, das 6h às 8h, o que causa atrasos em voos por todo o país.
O movimento dos tripulantes reivindica recomposição das perdas inflacionárias e ganho real dos salários, "tendo em vista os altos preços das passagens aéreas que têm gerado crescentes lucros para as empresas", segundo o Sindicato Nacional dos Aeronautas. Outra reivindicação da categoria é que os horários de descanso de pilotos e comissários sejam respeitados pelas companhias aéreas.
Na madrugada de sexta-feira (23), a categoria havia rejeitado uma proposta para o fim da paralisação feita pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), que contemplava, entre outras sugestões, a renovação da convenção coletiva na sua íntegra, reajuste de 100% do índice inflacionário dos últimos doze meses - ou seja, 5,97% nos salários fixos e variáveis, mais o acréscimo de 1% de aumento real.
A greve tem paralisado os serviços nos aeroportos de Congonhas e Guarulhos (São Paulo), Santos Dumont e Galeão (Rio de Janeiro), Viracopos (Campinas), Porto Alegre (RS), Confins (Belo Horizonte, MG), Brasília (DF) e Fortaleza (CE).
Demandas
A nova proposta recusada pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) previa reposição de 100% da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), mais aumento real de 1%, além de outras demandas relacionadas a folgas e tempo de descanso. Por determinação do TST, a greve pode atingir somente 10% dos funcionários das empresas. O sindicato afirma que a determinação está sendo cumprida e o movimento ocorre dentro da legalidade.
O SNA aponta que decidiu pela greve "tendo em vista os altos preços das passagens aéreas que têm gerado crescentes lucros para as empresas". A categoria também reivindica que as empresas "respeitem os horários de início e de término das folgas e que não programem jornadas de trabalho de mais de três horas em solo entre duas etapas de voo".
O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA) alega que o preço das passagens aéreas foi fortemente impactado por conta da pandemia e que houve aumento dos custos para as companhias - as quais, segundo o sindicato patronal, acumulam prejuízo.
Em nota divulgada nesta sexta-feira, 23, o SNEA destaca que a mais recente proposta do TST é a terceira proposta negada pelos tripulantes, sendo que a primeira foi apresentada pelo SNEA ainda no âmbito da negociação sindical.
O sindicato patronal das companhias aéreas ainda enfatiza que realiza negociações com o SNA desde outubro, "para preservar os direitos dos tripulantes, estendendo a validade da CCT vigente até o fim das negociações, e garantir as viagens aéreas dos passageiros", e que acatou a primeira proposta de mediação elaborada pelo TST, apresentada no último fim de semana, que também foi rejeitada pelo SNA.