A venda de combustíveis apresenta avanço dentro do comércio varejista no Rio Grande do Sul. Combustíveis e lubrificantes cresceram 21,5% no Estado em julho ante o mesmo mês do ano passado. O avanço dessa atividade é quase seis vezes maior do que o registrado em supermercados e hipermercados, segundo segmento com maior alta dentro do varejo gaúcho no período, com avanço de 3,8%.
Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta semana.
Política de redução do preço é um dos fatores que ajudam a explicar parte desse movimento, segundo especialistas. Com o salto nesses grupos, o comércio varejista conseguiu avançar 0,5% em julho nessa comparação anual.
O economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Oscar Frank, afirma que o avanço no volume de vendas dentro do segmento de combustíveis ocorre na esteira de diminuição tributárias sobre alguns itens, como a gasolina. Esse é um dos fatores que pode compor esse movimento, segundo o especialista.
— Julho marcou o início desse processo de redução dos tributos sobre combustíveis. Então, acabou sendo um fator determinante. A gente tem acompanhando quedas sistemáticas nos preços dos combustíveis pelos levantamentos da Agência Nacional do Petróleo.
Frank destaca que o avanço da circulação de pessoas é outro fator que ajuda a embalar as vendas dentro dessa atividade. O economista explica que, em julho deste ano, a mobilidade é maior na comparação com o mesmo período de 2021:
— Também tem uma situação onde a população aumentou a sua mobilidade. Então, é natural entender que a melhora do quadro sanitário também contribuiu para que as pessoas, ao se deslocar mais, demandassem combustíveis e lubrificantes.
O presidente do Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Rio Grande do Sul (Sulpetro), João Carlos Dal’Aqua, afirma que o tamanho desse avanço não reflete o crescimento observado apenas nas vendas de gasolina no Estado. O dirigente avalia que esse percentual pode representar um avanço do segmento de combustíveis como um todo, pegando outros produtos:
— A parte de lubrificante pode pegar uma cadeia grande, que não é só o nosso setor, de postos de gasolina. Tem o setor industrial e o automotivo via revenda.
Impacto no comércio
O economista-chefe da CDL Porto Alegre destaca que o crescimento no volume de vendas de combustíveis e lubrificantes foi fundamental para o comércio ficar no azul na comparação anual no Estado. Com movimentos distintos dentro do próprio setor, o varejo gaúcho registrou leve crescimento em julho ante o mesmo mês do ano passado no Rio Grande do Sul. O setor avançou 0,5% no sétimo mês do ano nesse recorte. Por outro lado, equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação e móveis e eletrodomésticos amargaram os piores resultados. A pressão dos juros sobre bens menos essenciais ajuda a explicar a queda nesses setores, segundo Frank.
O economista Marcos Lélis, professor da Escola de Gestão e Negócios da Unisinos, afirma que é difícil entender esse aumento expressivo de 21,5% nos combustíveis. Lélis afirma que o crescimento no volume de vendas era esperado após redução de tributação, mas não em nível tão alto. Na questão dos supermercados e hipermercados, Lélis afirma que o aumento é natural em um contexto de maior injeção de recursos via benefícios.
— Teve liberação do saque emergencial do FGTS e a antecipação do 13º para algumas classes — destaca o professor da Unisinos.
Na comparação com o mês imediatamente anterior, o comércio varejista apresentou queda em julho. No acumulado do ano e em 12 meses, o setor segue no azul.