A inflação na região metropolitana de Porto Alegre fechou 2021 em 10,99%, acima da média nacional — que apresentou variação de 10,06% no ano passado, segundo dados divulgados nesta terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em dezembro, o índice voltou a desacelerar na Grande Porto Alegre e ficou em 0,83%, abaixo do 0,96% anotado em novembro.
Todos os nove grupos presentes na pesquisa apresentaram alta de preços na Região Metropolitana em 2021. Assim como no país, o segmento de transportes, com variação de 24,5%, teve a maior elevação no ano. Dentro desse segmento, os combustíveis, com destaque para a gasolina (53,27%), foram os principais vilões para a escalada de preços. O resultado segue o cenário nacional:
— Com os sucessivos reajustes nas bombas, a gasolina acumulou alta de 47,49% em 2021. Já o etanol subiu 62,23% e foi influenciado também pela produção de açúcar — afirmou o gerente do IPCA, Pedro Kislanov ao citar o desempenho nacional.
Na sequência, os grupos de habitação e de artigos de residência acumulam as maiores variações em 2021 na Grande Porto Alegre. Em habitação, o preço da energia elétrica é o destaque. O item pesou no bolso dos consumidores em um ano marcado por bandeiras tarifárias mais altas diante da crise hídrica.
— Ao longo do ano, além dos reajustes tarifários, as bandeiras foram aumentando, culminando na criação de uma nova bandeira de Escassez Hídrica. Isso impactou muito o resultado de energia elétrica, que tem bastante peso no índice — explica Kislanov.
O economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Oscar Frank, afirma que o melhor desempenho da economia do Estado em relação ao país é um dos pontos que explicam a inflação mais alta na Grande Porto Alegre. No ano passado, o RS cresceu mais do que o Brasil, com uma recomposição de safra após estiagem mais severa em 2020, segundo Frank. A média salarial também entra nessa soma de fatores que explicam o IPCA mais alto, conforme o economista:
— Passa muito por aí. Por uma questão de estrutura demográfica, de salários que são maiores. A gente tem uma produtividade do trabalho que é mais elevada do que a média nacional. Tudo isso acaba fazendo com que a inflação acabe sendo maior.
Para 2022, Frank estima que a inflação seguirá em patamares mais altos, principalmente no primeiro semestre. Queda mais significativa e visível poderá ocorrer a partir da segunda metade do ano, segundo o especialista. No entanto, Frank reforça que essa possível desaceleração não significa preços mais baixos aos consumidores.
— Não significa que os preços vão voltar, por exemplo, ao padrão de 2021. Significa que vão continuar crescendo, mas com uma taxa mais baixa. Vai desacelerar a taxa de crescimento — explica.
Extrapolando o teto
No país, o IPCA, considerado a inflação oficial do país, fechou 2021 em 10,06%. É a maior taxa acumulada desde 2015, segundo dados do IBGE. Em dezembro, a alta foi de 0,73%.
Com o resultado, a inflação de 2021 extrapolou a meta de 3,75% definida pelo Conselho Monetário Nacional, cujo teto era de 5,25%.