O novo aumento no preço do diesel, anunciado pela Petrobras nesta terça-feira (28), preocupa setores econômicos no Rio Grande do Sul. Em um cenário de inflação elevada, o aumento do preço do combustível acaba sendo transferido para diversos produtos oferecidos ao consumidor final. Levando em conta o valor do diesel nas refinarias em 29 de dezembro de 2020, o litro do combustível acumula alta de 51% no ano ao subir para R$ 3,06.
O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no Estado (Setcergs), Sérgio Mário Gabardo, afirma que a nova alta no preço do diesel causa preocupação no setor. O reajuste, diz, precisa ser repassado pelas empresas de transporte, o que acaba impactando nos custos das empresas que vendem seus produtos e do consumidor final:
— Após cada novo aumento, temos de sentar e conversar com o embarcador para negociar, principalmente em viagens longas. Então, existe esse desgaste perante o embarcador e o consumidor, porque esse custo é repassado.
Gabardo afirma que o impacto do reajuste é mais amplo, pois também afeta o setor em relação a outros produtos necessários para a atividade do transporte. O efeito dominó encarece ainda mais o trabalho das empresas.
— Junto do aumento do diesel costumam vir outros, como no preço do pneu e de outros derivados usados no caminhão — cita.
O presidente do Setcergs avalia que o governo federal deveria conversar com os Estados no âmbito dos impostos estaduais sobre os combustíveis, para diminuir a pressão nos preços.
O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, afirma que a maior parte do frete no setor é paga pela indústria. No entanto, explica que o aumento dos custos nas indústrias acaba sendo repassado para o setor de supermercados, encarecendo o preço final dos produtos.
— O consumidor está sendo bombardeado com o aumento de custos e perda de poder aquisitivo. Então, realmente preocupa. Cada aumento a mais é um pão a menos na mesa do consumidor — alerta Longo.
O dirigente afirma que o aumento no preço do diesel deve ter impacto maior em produtos que compõem a cesta básica e em itens que sofrem alteração no preço em razão de demanda, safra e clima.
O presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, avalia que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) deve realizar de imediato um reajuste no piso mínimo do frete diante da nova alta do preço do diesel.
— ANTT precisa fazer reajuste na tabela. A atualização a cada seis meses não interfere na revisão pelo gatilho. Deu 10% de variação, mesmo que tenha feito reajuste da planilha semestral, é obrigatório fazer pelo gatilho. Já superamos os 10% — disse Landim.