A inflação voltou a acelerar na região metropolitana de Porto Alegre em julho na comparação com o mês anterior. Após fechar junho em 0,79%, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu para 1,23% em julho. Esse é o índice mais elevado para um mês de julho desde 2002 na Grande Porto Alegre, quando o IPCA ficou em 1,34%, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta terça-feira (10). Porto Alegre é a segunda região com a maior variação mensal no IPCA em julho, ficando atrás apenas de Curitiba (1,60%).
No acumulado do ano, o IPCA está em 5,42%. Já no período dos últimos 12 meses, segue em ritmo de alta, fechando em 10%. Assim como na variação mensal, em ambos os indicadores, a região metropolitana de Porto Alegre apresenta números maiores em relação ao país.
Oito dos nove grupos pesquisados apresentaram alta em julho na Região Metropolitana. Habitação (3,77%), transportes (2,5%) e artigos de residência (1,02%) lideram com as maiores variações mensais. Saúde e cuidados pessoais é o único segmento com queda no indicador mensal (-0,73).
O IBGE aponta reajustes de preço em serviços, como os de energia elétrica e de água e esgoto, entre os principais motivos para a elevação no grupo de habitação. Nos transportes, a entidade aponta altas na tarifa do transporte público entre os fatores que contribuíram para a aceleração.
No âmbito de saúde e cuidados pessoais, o IBGE cita que a variação negativa reflete a queda no item plano de saúde, decorrente do reajuste de -8,19% autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 8 de julho, com vigência retroativa a maio de 2021 e cujo ciclo se encerra em abril de 2022.
— Foi o primeiro reajuste negativo autorizado pela ANS desde a sua criação. Esse reajuste é retroativo a maio de 2021 e vai até abril de 2022, a depender do aniversário de contrato dos beneficiários. Assim, no IPCA de julho foram apropriadas as frações mensais relativas aos meses de maio, junho e julho — explica André Almeida, analista do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE.
O economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Oscar Frank, destaca que, em julho, entrou em vigor o aumento de 52% no preço da bandeira tarifária vermelha patamar 2. Essa medida somada ao reajuste na tarifa de uma das concessionárias de energia no Estado pressionou o preço da conta de luz na região:
— Na Região Metropolitana, nós tivemos um duplo efeito. Além daquele reajuste envolvendo a bandeira tarifária vermelha patamar 2, a gente também teve um reajuste do quilowatts-hora aqui na região, com aumento de 8,02% em uma concessionária. Essa dupla combinação gerou uma pressão bem significativa na energia elétrica —avalia Frank
Frank afirma que a aceleração da inflação acaba arrefecendo a retomada da economia nesse segundo semestre. A reedição de algumas ferramentas assistenciais, como o auxílio emergencial e o programa de preservação de emprego, mesmo em patamares menores, ajuda a sustentar a demanda, criando pressões adicionais à inflação. O economista também cita a desorganização nas cadeias produtivas em razão da pandemia como um dos fatores que ainda impacta na alta do índice.
— Em função dessa retomada veloz que vem acontecendo, a oferta não está dando conta da demanda. Isso acaba pressionando os preços.
Brasil
A aceleração da inflação em julho na Capital ocorre na esteira do desempenho registrado no país. O IPCA de julho apresentou alta de 0,96% no país, 0,43 ponto percentual acima da taxa de junho, de 0,53%. Essa também é a maior variação para um mês de julho desde 2002, quando o índice foi de 1,19%.
No ano, o IPCA acumula alta de 4,76% e, nos últimos 12 meses, de 8,99%, acima dos 8,35% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. O indicador ainda está acima do teto da meta estabelecida pelo Banco Central para 2021: 5,25%.Em julho de 2020, a variação mensal havia sido de 0,36%.