Acompanhando à risca o desempenho nacional, a região metropolitana de Porto Alegre fechou fevereiro com a maior inflação para o período desde 2016. No segundo mês de 2021, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou variação de 0,86% frente a janeiro, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No Brasil, o IPCA igualmente teve avanço de 0,86%, também o maior em cinco anos.
Dos nove grupos de produtos pesquisados dentro do IPCA, índice considerado a inflação oficial do país, seis tiveram elevação na Capital no mês passado.
A alta nos preços foi puxada pelo segmento de transportes, que teve incremento de 2,67%. Dentro deste grupo, os destaques ficaram por conta da elevação da gasolina (+6,58%), um dos itens com maior peso no orçamento das famílias, e do transporte por aplicativo (+8,89%). Já o óleo diesel registrou elevação de 6,76% no mês.
– A inflação de fevereiro já captura o movimento dos combustíveis, que tiveram reajustes no país em face de uma grande desvalorização do real, ao mesmo tempo em que o barril do petróleo vem subindo no mercado internacional. Esses dois movimentos impactam toda a cadeia de transportes - destaca Gustavo Inácio de Moraes, economista e professor da Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
O grupo de vestuário teve a segunda maior variação, de 1,10%. Na sequência, aparecem alimentos e bebidas (+0,94%). Entre os itens alimentícios, figuram entre as maiores altas alface (+12,81%), morango (9,89%) e cebola (+8,63%), além de derivados de leite, como queijo (+6,78%) e leite condensado (+5,92%).
Por outro lado, educação, habitação e comunicação verificaram quedas no mês, de 0,91%, 0,34% e 0,19%, respectivamente.
No Brasil, dos nove grupos analisados pelo IBGE, oito registraram inflação em fevereiro. O principal destaque foi o segmento de transportes, com alta de 2,28%, influenciado pelos combustíveis (+7,09%). Na avaliação do economista e professor da Universidade do Vale do Rio do Sinos (Unisinos) Marcos Lelis, a situação dos combustíveis já impacta os preços nos demais segmentos da economia. No país, apenas comunicação (-0,13%) teve queda no período.
A gasolina subiu 7,11% e, individualmente, respondeu por 42% da inflação de 0,86% no mês. Também ficaram mais caros o etanol (+8,06%), o óleo diesel (5,4%) e o gás veicular (0,69%). Nos últimos nove meses, o ramo de combustíveis acumula incremento de 28,44%, segundo o IBGE.
Em 2021, o IPCA acumula alta de 1,1% em Porto Alegre, mesmo índice verificado no país. Já na soma dos últimos 12 meses, a inflação chega a 5,03% na Capital, e a 5,2% no país. Lelis avalia que aos poucos a inflação no atacado, que vinha acima de dois dígitos em uma série de indicadores, começa a respingar no consumidor final.
- Os custos aumentam para o produtor, principalmente na indústria, que tende a repassar ao consumidor. O que ainda segura um repasse com maior velocidade é que a demanda está baixa pela atividade econômica enfraquecida - destaca Lelis.
Na avaliação de Moraes, o Brasil tende a enfrentar um cenário de estagflação pela frente. Ou seja, inflação em alta em meio ao baixo crescimento da economia.
Confira as maiores altas na Capital
- Alface: 12,81%
- Morango: 9,89%
- Transporte por aplicativo: 8,89%
- Cebola: 8,63%
- Queijo: 6,78%
- Óleo diesel: 6,76%
- Gasolina: 6,58%
- Leite condensado: 5,92%
- Banana-prata: 5,43%
- Pré-escola: 5,2%
Fonte: IBGE