A crise do coronavírus deixou muitas empresas em situação delicada, levando a cortes em postos de trabalho, a queda de faturamento e até ao fechamento. Nesse cenário, o investimento em novas unidades ou a ampliação de estruturas acabam em segundo plano. No entanto, há um grupo de companhias que está expandindo presença no Rio Grande do Sul. E não é só isso, oferecem novas oportunidades de trabalho e já planejam mais aportes para quando a economia voltar a esquentar.
O superintendente do Sebrae-RS, André Godoy, ressalta que as empresas em expansão são exceções à regra no atual contexto, ainda mais entre as de micro e pequeno portes. O dirigente lembra que, para investir, a companhia precisa estar capitalizada, algo raro em um momento de restrições para abertura e de redução expressiva no volume de vendas. Pesquisa feita pela entidade em julho, ouvindo 631 negócios, mostra que apenas 5% dos empreendedores gaúchos aumentaram o quadro de funcionários recentemente, somente 8% viram o faturamento crescer e 16% têm expectativas de expandir o negócio nos próximos 30 dias.
— De um modo geral, as empresas não têm estrutura de capital para fazer investimentos neste momento. Elas estão lutando para sobreviver. Estão conseguindo investir os negócios mais nichados, que estão em mercados com condições de crescer — salienta Godoy.
Levando em consideração investimentos anunciados no Estado nos últimos meses, é possível deparar basicamente com companhias situadas em setores considerados essenciais, com forte atuação em canais digitais de atendimento ou que já tinham recursos assegurados antes da pandemia para investir.
O líder da Endeavor no Rio Grande do Sul, Eduardo Afonso, destaca que a crise está levando ao estreitamento dos laços digitais entre empresas e consumidores. Sendo assim, startups com produtos e serviços inovadores também acabam se inserindo no grupo dos negócios em crescimento e com abertura de vagas de trabalho.
— Crescer e inovar passam por investir. Essas empresas que estão ganhando corpo no momento poderão se tornar mais resilientes (no pós-pandemia) — diz Afonso.
O dirigente ainda constata que parte dos negócios que está conseguindo investir se enquadra no conceito de scale-up. Ou seja, são empresas de alto crescimento, que vinham com expansão anual superior a 20% por, pelo menos, três anos consecutivos e tinham mais de 10 funcionários. Não significa que essas companhias estejam imunes à crise, mas elas têm conseguido passar pela turbulência melhor do que a média do mercado. Estudo da Endeavor com 431 scale-ups do país mostra que 49% ainda não fizeram demissões e 12% seguem contratando.
Conheça a história de algumas das empresas que decidiram manter os investimentos no Estado, mesmo com a crise gerada pela pandemia.