Com quase 12 milhões de desempregados, a economia brasileira sofre as consequências das necessárias medidas de distanciamento social para conter o avanço do mortífero coronavírus. No entanto, alguns setores mantêm – ou até aumentam – o ritmo de contratações nos últimos meses, o que representa um alento para quem está em busca de vagas.
Conforme consultores de Recursos Humanos, as seleções (todas online) estão em alta para segmentos como saúde, marketing, tecnologia da informação, logística e produção industrial. São atividades que, mesmo com a quarentena, se mantiveram aquecidas por serem consideradas essenciais ou poderem ser desempenhadas remotamente.
— Na área da saúde, por exemplo, há uma ampla demanda por farmacêuticos, bioquímicos, médicos e enfermeiros, em uma procura que se estende para as indústrias que fornecem equipamentos médicos e hospitalares — explica a presidente da seção gaúcha da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Crismeri Correa.
Uma peculiaridade desta busca é a exigência para que profissionais tenham conhecimento além do básico em novas tecnologias. Com a manutenção do home office por tempo indeterminado durante a pandemia, é essencial que o trabalhador consiga se virar com plataformas digitais de reunião e atendimento aos clientes e aplicativos de análise de dados e formulação de tabelas.
— É uma exigência que vinha crescendo para todos profissionais, de médicos para teleconsultas a professores para ensino a distância, e agora se consolidou — complementa Crismeri.
Além de vagas fixas, há uma demanda intensa por trabalhadores temporários de alguns segmentos, complementaa economista Glória Tassinari Yacoub, especialista em recrutamento.
Empresas que precisaram se adequar ao home office dos funcionários rapidamente agora identificam as áreas de sua administração que precisam de reforço para lidar com o novo contexto.
— Muitas companhias afastaram temporariamente trabalhadores do grupo de risco e estão recrutando temporários, principalmente em áreas como gestão de pessoas e financeiro — explica Glória.
Áreas com contratações aquecidas
Logística: profissionais com experiência em criar redes de distribuição e entrega de mercadorias têm sido valorizados. Esta demanda se estende a profissionais das pontas: os que fazem efetivamente as entregas.
Engenharia industrial: fábricas de itens ligados à saúde, como máscaras, álcool gel e equipamentos hospitalares mantêm forte demanda por profissionais que ajudem no planejamento e na produção. Empresas de alimentos também mantêm aquecida a atividade e buscam trabalhadores.
Marketing: um dos principais caminhos do varejo para continuar vendendo são os canais digitais, e muitos estão buscando profissionais de marketing para ajudar a criar campanhas em redes sociais e estruturar novas estratégicas de vendas.
Analistas de RH: com muitas novas leis federais surgindo, como a redução de jornada ou afastamento temporário, as empresas têm buscado analistas de Recursos Humanos com experiência para controlar folha de pagamento, benefícios e gestão de pessoas.
Educação: professores com habilidades e experiência em ferramentas de ensino digitais têm sido mais procurados por escolas, universidades e cursos de idiomas em meio à pandemia. A ideia é que eles ajudem as próprias instituições a aperfeiçoarem suas ferramentas de comunicação.
Tecnologia da Informação: setor se mantém firme em tempos em que a tecnologia é fundamental para que as pessoas sigam trabalhando remotamente. Há vagas para desenvolvedores, suporte, manutenção e especialistas em Big Data.
Profissionais da saúde: além de médicos e enfermeiros, laboratórios têm procurado biotécnicos, bioquímicos e farmacêuticos para lidarem com medicamentos e ajudar nas pesquisas de tratamentos e vacinas contra o coronavírus. Nos hospitais, há forte demanda por enfermeiros e técnicos de enfermagem com experiência em intubação em UTI.
As habilidades mais desejadas pelos recrutadores
Adaptabilidade: o prolongamento da pandemia deverá continuar impondo o desafio de profissionais se adaptarem a novas tecnologias, novas formas de trabalho e novos tipos de demanda. Ser aberto a mudanças é fundamental.
Networking: para desenvolver bem seu trabalho em um contexto de distanciamento, o funcionário terá de transitar em comunidades profissionais nas redes sociais e manter ativa sua rede de contatos, trocando experiências com seus pares em outras empresas.
Resiliência: o impacto emocional da crise trazida pelo coronavírus é uma realidade, mas o profissional deve conseguir minimizar o negativismo para pensar de uma maneira produtiva e que viabilize seu trabalho.
Conhecimento computacional: se já era desejável, o conhecimento de ferramentas digitais avançadas de comunicação e análise de dados ganhou ainda mais importância. Ou seja, é preciso conhecer plataformas de reunião e conseguir condensar informações para facilitar o trabalho.
Comprometimento: em home office, o profissional precisa ter organização e disciplina para organizar a própria agenda e conseguir fazer seu trabalho. Demonstrar este tipo de maturidade é importante nas entrevistas.