O governo brasileiro fará quatro grandes privatizações em até 90 dias, afirmou o ministro da Economia, Paulo Guedes, em entrevista à CNN no domingo (5).
O ministro reconheceu que as privatizações, até agora, não caminharam no ritmo desejado.
— A prioridade no início era a Previdência, mudança de mix entre regime fiscal e monetário, e mudar trajetória dos salários do funcionalismo, que cresciam muito acima da inflação — avalia.
Guedes não quis detalhar quais serão as companhias privatizadas nesse curto prazo. Ao ser perguntado se os Correios estavam incluídos, ele respondeu:
— Seguramente, não vou falar quando (será a privatização), mas seguramente.
Na entrevista, Guedes também detalhou projetos para a indústria brasileira. Ele afirmou que as indústrias terão menos encargos e menos subsídios. O setor automotivo, por exemplo, terá crédito de curto prazo daqui até o final do ano com garantia matriz. Segundo o ministro, o governo atual mudará o que era feito em governos anteriores.
— Guerra fiscal é suicida. Estados se matam perdendo receita, indústria se perde correndo atrás de subsídio, e resultado é um desastre. Então não contem conosco para continuar no mesmo jogo equivocado que vocês (indústria automotiva) têm feito. Agora vai ser diferente — disse.
Guedes acredita que o novo cenário econômico é positivo para a indústria.
— Vamos para impostos mais baixos, temos juros baixos e câmbio acima de R$ 5, isso empurra Brasil em direção a vantagem comparativa. (...) Se conseguirmos exportar mais para a Ásia - não só a China -, o Brasil terá boom de crescimento extraordinário nos próximos anos. E nossa indústria vai resistir melhor do que hoje, porque hoje tem impostos excessivos e o clima de negócios não é próprio.
5G
Guedes ressaltou o cenário geopolítico atual ao ser perguntado sobre a possibilidade de empresas chinesas servirem o Brasil na implantação das redes 5G.
— Essa suspeição dos Estados Unidos e de parte do Ocidente em relação ao regime chinês (por causa, entre outros fatores, da covid-19) vem em momento ruim, justamente quando precisamos dar um salto na tecnologia — disse ele. Por causa dessa suspeição, avalia, os países ocidentais estão refletindo sobre os riscos de usar companhias chinesas.
Marcos regulatórios
O ministro da Economia afirmou, ainda, que projetos que tramitam no Congresso podem deslanchar investimentos para a retomada econômica do País após o coronavírus.
— Como destravar investimentos? O exemplo foi o Congresso, que aprovou o projeto do saneamento — disse na entrevista à CNN Brasil. — Agora vem a cabotagem, depois vem o setor elétrico, depois vem as concessões e privatizações. Todas essas são novas fronteiras de investimento. Tem também a fronteira de gás natural — completou
Ele acredita que, de 60 a 90 dias, o País vai "surpreender o mundo" ao destravar investimentos, como surpreendeu ao aprovar a Reforma da Previdência. Outra mudança necessária, de acordo com Guedes, é no setor de petróleo.
— Se nenhuma das principais petroleiras do mundo compareceu ao leilão de concessão onerosa, tem alguma coisa errada. (...) Vamos ter de mudar o sistema de partilha, pois não funciona como deveria.
Essas mudanças seriam fundamentais, diz Guedes, porque, apesar de ter preservado os "sinais vitais" econômicos, o governo teria quebrado em nível federal, e segue rumo aos 100% da relação entre dívida pública e Produto Interno Bruto (PIB).