O sócio-fundador da operadora de turismo CVC Guilherme Paulus e o vice-presidente de Marketing e Eventos da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), João Machado, debateram o futuro do turismo no pós-pandemia na terceira edição do Painel Atualidade, realizado pela Rádio Gaúcha nesta quarta-feira (29). Os dirigentes destacaram a importância da renovação de políticas voltadas para o setor, um dos mais impactados pela crise sanitária mundial.
Nas quartas-feiras, o quadro dentro do programa Gaúcha Atualidade ouve representantes de setores econômicos para provocar o debate e estimular a busca por alternativas para a diminuição do impacto negativo causado pela pandemia na economia do Rio Grande do Sul.
O que é o Painel Atualidade?
Trata-se de um novo quadro semanal dentro do Gaúcha Atualidade, que pretende provocar o debate e estimular a busca por alternativas que ajudem a minimizar o impacto negativo da crise do coronavírus na economia do Rio Grande do Sul. A iniciativa faz parte do projeto de Jornalismo de Soluções proposto pelo Grupo RBS, que busca o debate para enfrentar e resolver os problemas diagnosticados.
Nascida em 1972, a CVC é a maior operadora de turismo da América Latina. A Abav foi criada em 1953 por representantes de 15 agências de viagens. Atualmente, a entidade representa 2,3 mil empresas em todo o país.
Turismo local
— (A retomada) vai ser com os automóveis, com seu próprio veículo, porquê você ganha uma confiança muito maior, e com distâncias curtas, na faixa de 100 quilômetros até 500 quilômetros. Viajar com a esposa, com a namorada, com a família, com os amigos. E você vai para os hotéis de lazer — estimou Paulus.
Retomada pós-pandemia
— O turismo já passou por diversas crises, sejam ligadas a graves crises econômicas ou fenômenos naturais, como chuvas, furacões, terremotos, vulcões, mancha de petróleo, que tivemos recentemente, no final do ano, e se reinventou em tempo recorde. O turismo tem essa capacidade única de se reerguer, porque gera emprego por onde passa. Movimenta setores da economia — avalia o sócio-fundador da CVC.
— Viajar é algo que as pessoas querem muito. Então, a gente está passando por um momento difícil, algumas agências fecharam, mas, assim que as coisas voltarem a um pouquinho próximo do normal, a gente vai voltar com muita força — disse o vice-presidente de Marketing e Eventos da Abav.
— As agências de viagem vão sair muito fortalecidas desse acontecimento. A gente vinha enfrentando, falando como agências físicas, essa questão das pessoas comprarem direto na internet, reservarem hotéis pelo Airbnb. Nos primeiros momentos da pandemia, ali por março, houve muita dificuldade dessas pessoas de conseguirem contatar tanto as agências online como as companhias aéreas, porque, de certa forma, foi um período muito difícil. Ninguém estava preparado para aquilo e as agências presenciais ou aquelas de forma física, que as pessoas têm o contato do vendedor, do proprietário, conseguiram resolver muitos problemas. Não a totalidade, mas a grande maioria — complementou Machado sobre o fortalecimento das agências no pós-pandemia.
Política de turismo
— Tem de existir uma política voltada ao turismo. Os prefeitos têm de ter essa política voltada para as cidades. A partir deste momento, que você tem essa regionalização do turismo estadual, você tem novos aspectos. Então, você tem de trabalhar nesse aspecto. Você tem lá em Santa Cruz uma catedral antiga. Você tem de contar essa história. Tem um campo de golfe lá em virtude de que lá é a terra do tabaco, os ingleses foram para lá e foi feito um campo de golfe oficial com 18 buracos para torneios internacionais, tem uma pista de stock car. Tudo isso, claro, existe, mas tem de ser melhor divulgado, mostrar isso para o Brasil. Se você não mostrar, não adianta nada — explica Paulus.
— Infelizmente, no governo Leite, a gente está no terceiro secretário de Turismo. A gente teve o deputado Dirceu (Franciscon), que ficou acho que por volta de três meses, quando assumiu a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo, depois o Ruy Irigaray, que ficou um ano e pouco, e agora a gente está com o Rodrigo Lorenzoni. Então, realmente falta uma continuidade de processos dentro da secretaria. A secretaria antigamente era só Setur, depois virou Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo e agora está voltando a ser Secretaria de Turismo. Então, às vezes, a gente perde muito tempo com mudança, com alterações internas sem ter uma política de continuidade e isso acaba atrapalhando.
Marketing para o Estado
— Falta marketing. Quando a gente começou a vender o Rio Grande do Sul para a Europa, principalmente quando a TAP começou a voar aqui, a gente divulgava muito a serra gaúcha, nosso grande cartão postal do Rio Grande do Sul. Mas será que os europeus, italianos, portugueses, espanhóis, alemães gostariam de vir para cá visitar o que eles têm lá? Ou será que a gente talvez não tivesse também que divulgar outras coisas que a gente tem no Rio Grande do Sul, como a Campanha, as Missões? Tantos outros atrativos que a gente tem aqui. Talvez a gente tenha de trabalhar um pouquinho mais o marketing para que a gente possa divulgar e trazer cada vez mais turistas para o Rio Grande do Sul — destaca o Vice-presidente de Marketing e Eventos da Abav.
Turismo de home office
— Hoje, a gente precisa de criatividade, se renovar. Aquele turismo que era antigo talvez tenha que ser adaptado, tenha de ter novidades. Alguns destinos também estão se reinventando. A gente vai ter agora um turismo que vai ser o do home office. As pessoas estão vendo que conseguem trabalhar de forma remota. Por que não seguir trabalhando enquanto a família descansa? A gente em uma praia do Caribe, por exemplo. Ou até mesmo aqui, em alguns hotéis do Estado — salienta Machado.