Essenciais para o abastecimento da população, os supermercados precisaram adaptar suas operações à realidade imposta pelo coronavírus. Ao mesmo tempo em que clientes mudaram hábitos de consumo, redes do setor intensificaram medidas para tentar frear o avanço da covid-19 no Rio Grande do Sul. O pacote de ações inclui, por exemplo, limpeza constante de cestas e carrinhos de compras, além de uso de equipamentos de proteção por parte de funcionários, indica a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas).
— Passamos a recomendar o controle nos acessos às lojas, a higienização constante e o distanciamento entre as pessoas nas filas. São ações diversas. O setor mantém cerca de 100 mil funcionários no Estado. Eles estão na linha de frente de atuação na pandemia — relata o presidente da Agas, Antônio Cesa Longo.
As medidas sugeridas pela entidade foram listadas em uma cartilha para associados. Dicas de exposição de produtos nas lojas e de cuidados com a saúde dos funcionários também aparecem no documento (veja mais detalhes abaixo). Apesar disso, Longo pondera que nem sempre há como garantir que todas as empresas sigam exatamente o que é recomendado:
— O setor não tem poupado esforços. Buscamos orientar, mostrar o que é certo e o que é errado, mas não podemos garantir que todos façam tudo o que é pedido. Existem os bons e os maus. É assim em qualquer ramo da economia.
Segundo o dirigente, o coronavírus também provocou uma série de mudanças no comportamento de consumidores. Na fase inicial da pandemia, clientes demonstraram temor de desabastecimento nas lojas. Por isso, reduziram o número de visitas aos supermercados, mas compraram mais em cada ida às gôndolas, pontua Longo. Essa foi a etapa marcada pelos carrinhos repletos de produtos.
Agora, a fase é outra. Com receio de perda de empregos em razão da crise, parte dos consumidores foge das extravagâncias e compra apenas itens básicos, diz o presidente da Agas:
— A postura mudou. No primeiro momento, com o receio de desabastecimento, as pessoas reforçaram as despensas. Depois, começaram a comprar para fazer doações. Agora, consumidores identificam que pessoas próximas perderam empregos. Assim, adquirem só o necessário.
Cuidados entre clientes
Além das medidas adotadas pelos supermercados, quem vai às lojas para fazer compras também precisa tomar precaução para conter o avanço do coronavírus, destacam especialistas na área médica. Professor de epidemiologia da UFRGS, Jair Ferreira chama atenção para a necessidade do uso de máscaras. Ele ainda ressalta que os clientes devem evitar contato com outros consumidores em corredores e filas.
— O risco nunca será zero. Seria uma utopia pensar que seria possível uma situação assim. Mas, se usarmos máscaras e respeitarmos a distância nas filas, estaremos minimizando os riscos — pontua o professor.
Ferreira ainda sublinha que ações de prevenção tomadas pelos supermercados, como higienização de carrinhos e cestas de produtos, ajudam a frear o coronavírus.
Dicas contra o vírus
A Agas criou uma cartilha de sugestões para funcionários e donos de supermercados durante a pandemia. Confira um resumo das recomendações.
- A limpeza das mãos deve ser feita na chegada ao supermercado, ao longo do dia de trabalho e no retorno para casa.
- O álcool gel deve ser usado pelo trabalhador ao organizar produtos e encostar em equipamentos ou dinheiro.
- Se o funcionário sentir sintomas como febre, tosse ou dificuldades para respirar, deve comunicar à empresa. Cabe aos supermercados monitorar as condições de saúde dos trabalhadores.
- Reuniões presenciais devem ser evitadas durante a pandemia. Em caso de necessidade, o ideal é realizar encontros com, no máximo, cinco pessoas.
- Carrinhos e cestas na entrada das lojas devem ser higienizados de maneira constante.
- Operadores de caixa têm de limpar o espaço em que os clientes depositam suas compras na hora do pagamento.
- Na padaria, o recomendável é incrementar a exposição de pães industrializados, para evitar filas no balcão de atendimento.
- No açougue, a sugestão é fortalecer a venda de produtos já embalados.