O Grupo Latam Airlines disse, por meio de comunicado ao mercado nesta terça-feira (26), que a companhia e afiliadas no Chile, Peru, Colômbia, Equador e nos Estados Unidos recorrerão à proteção contra falência no país norte-americano. De acordo com o grupo, as afiliadas na Argentina, no Brasil e no Paraguai não foram incluídas no documento.
"À luz dos efeitos da covid-19 no setor de aviação mundial, esse processo de reorganização oferece à Latam a oportunidade de trabalhar com os credores do grupo e outras partes interessadas para reduzir sua dívida, acessar novas fontes de financiamento e continuar operando, enquanto permite ao grupo transformar seus negócios para essa nova realidade", afirmou a companhia na mensagem.
A empresa deverá requisitar o chamado Capítulo 11, uma lei americana que concede prazo para se reorganizarem financeiramente e que equivale à recuperação judicial no Brasil.
Maior companhia aérea da América Latina, a Latam afirmou que conseguiu financiamento de acionistas, incluindo as famílias Cueto e Amaro e Qatar Airways, para fornecer até US$ 900 milhões (R$ 4,9 bilhões) em financiamento de devedores em posse. Ainda de acordo com o comunicado, o grupo possui aproximadamente US$ 1,3 bilhão (R$ 7 bilhões) em mãos.
"A Latam entrou na pandemia da covid-19 como um grupo de companhias aéreas saudáveis e lucrativas, mas circunstâncias excepcionais levaram a um colapso na demanda global e não apenas trouxeram a aviação para uma paralisação virtual, mas também mudaram o setor no futuro próximo", disse Roberto Alvo, presidente-executivo da Latam, no comunicado.
Ainda de acordo com Alvo, a companhia implementou uma série de medidas para mitigar o impacto da interrupção do setor, mas não foram suficientes e a proteção à falência nos Estados Unidos "representa a melhor opção para estabelecer as bases corretas para o futuro do nosso grupo de companhias aéreas". A companhia informa ainda que está em discussões com governos do Chile, Brasil, Colômbia e Peru para auxiliar na obtenção de financiamento adicional, proteger empregos e minimizar a interrupção de suas operações.
Embora a empresa admita ainda não ter resposta para perguntas de funcionários, fornecedores e clientes, uma página foi criada para avisos e informações: www.LATAMreorganizacion.com. A Latam ressalta que, incluídas ou não no registro, todas as empresas do grupo continuarão a operar conforme as restrições de viagem e a demanda permitida.
Na semana passada, a Latam informou que passará em junho dos atuais 5% de média de voos diários no Brasil para 9% de sua capacidade pré-crise, com previsão de atingir 18% em julho. Também em julho, o grupo espera aumentar para 13 o total de destinos internacionais.
Segundo a empresa, a previsão é de crescimento gradual de suas operações nos próximos dois meses. Em junho, serão em média 50 voos diários no país, ante os 35 voos de maio. Como comparação, antes da crise a companhia operava 750 voos diários no país. A partir de São Paulo, serão operadas as rotas internacionais para Frankfurt, Londres, Madri, Miami e Santiago.