A pandemia de coronavírus derrubou a produção industrial brasileira em março, informou nesta terça-feira (5) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A queda de 9,1% em comparação com o mês anterior é a pior desde maio de 2018, quando a greve dos caminhoneiros paralisou o país.
De acordo com o instituto, o desempenho de março de 2020 coloca a produção industrial brasileira no mesmo nível de agosto de 2003. A queda foi generalizada, atingindo todas as categorias econômicas e 23 dos 26 ramos pesquisados.
Em relação a março do ano passado, a produção industrial brasileira caiu 3,8%, no quinto resultado negativo nessa base de comparação. No ano, a indústria brasileira acumula queda de 1,7%.
— Mesmo com o efeito-calendário positivo, já que, com 22 dias, março de 2020 teve três dias úteis a mais do que igual mês do ano anterior, observa-se a clara influência dos efeitos do isolamento social devido à pandemia de covid-19, que afetou a produção de várias unidades produtivas no país — disse o IBGE.
O primeiro caso conhecido de covid-19 no Brasil foi confirmado em 25 de fevereiro. Em março, o país começou a sentir os efeitos econômicos do novo coronavírus, com fechamento de bares, restaurantes e comércio como forma de evitar o avanço da pandemia.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre), a indústria brasileira atingiu em março o pior patamar de ociosidade dos últimos 20 anos. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) aponta que, em média, as fábricas estão operando com 57,5% da capacidade total, número 15,9 pontos menor do que os 73,4% registrados em dezembro de 2016, o pior momento da recessão iniciada em 2014.
De acordo com os dados do IBGE, a principal influência negativa foi dada pelo setor automotivo, que teve queda de 28% com paralisações e interrupções na produção. Após o início da pandemia, 64 das 65 fábricas do país tiveram as operações suspensas, provocando efeitos negativos também na cadeia de suprimento.
Outras contribuições negativas relevantes vieram de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-37,8%), de bebidas (-19,4%), de couro, artigos para viagem e calçados (-31,5%), de produtos de borracha e de material plástico (-12,5%) e de máquinas e equipamentos (-9,1%).
Do lado positivo, estiveram apenas ramos de impressão e reprodução de gravações (8,4%), de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (0,7%) e de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (0,3%).
Entre as grandes categorias econômicas, bens de consumo duráveis teve a queda mais acentuada na comparação com fevereiro, ao recuar 23,5%, com a queda na produção de automóveis. Os setores de bens de capital (-15,2%) e de consumo semi e não-duráveis (-12,0%) também tiveram taxas maiores do que a média nacional.