A queda de movimentação nas cidades brasileiras durante a crise do coronavírus também atinge o setor da aviação civil. No principal aeroporto do Rio Grande do Sul, o Salgado Filho, em Porto Alegre, somente 25 voos estão previstos por dia útil nesta semana. Para sábado e domingo, o número de viagens é ainda menor: apenas 15 em cada dia. Todos os voos internacionais foram suspensos.
A queda do número de voos em comparação dos dias desta semana com a média diária do mesmo mês do ano passado é de 87%. Segundo dados da concessionária Fraport, em março do ano passado, o aeroporto teve 6.159 viagens nacionais ou internacionais, uma média diária de 199. Foram transportados mais de 646 mil passageiros.
A Fraport reconhece a queda bruta nas viagens, mas ainda aguarda a consolidação dos números de voos de março para conseguir definir a diminuição que o terminal de Porto Alegre sofre. Por enquanto, a empresa estima redução de 50%, levando em conta que até a segunda quinzena de março o número de passageiros não havia sofrido alterações.
A companhia alemã — que opera o Salgado Filho desde 2018 — já contabiliza "prejuízos grandiosos", tendo em vista que a receita é gerada principalmente da taxa de embarque que as companhias cobram do passageiro e depois repassam à administradora. A taxa de ocupação dos últimos dias também não anima: foi de 26%, três vezes menor do que o habitual.
Na manhã desta segunda-feira (30), GaúchaZH esteve no aeroporto e constatou movimento muito abaixo da média, situação confirmada por trabalhadores terceirizados e prestadores de serviço. Muitas lojas sequer abriram. Na área de desembarque dos voos vindos de outros países, não havia passageiros.
Motoristas de aplicativo e taxistas também relatam perdas significativas, com número baixo de passageiros usando os serviços.
Medidas de prevenção
A partir desta segunda-feira, entrou em vigor a proibição de desembarque no Brasil de estrangeiros de qualquer nacionalidade, o que afeta ainda mais a aviação. A medida exclui imigrantes que moram no Brasil, estrangeiros em missão de organismos internacionais e parentes diretos de brasileiros e é válida por 30 dias.
Desde sábado, passou a valer a chamada "malha aérea essencial", definida pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Durante a crise, só capitais dos 26 estados e o Distrito Federal e outras 19 cidades do país seguirão atendidas. A quantidade de voos é 91,61% menor do que a originalmente prevista pelas empresas para o período.
A Anac chegou a falar que havia "risco de uma paralisação total do serviço" com a redução drástica de voos em março.
O que dizem as companhias
GaúchaZH consultou as três maiores companhias aéreas do Brasil sobre as operações em Porto Alegre. Elas foram questionadas sobre números da queda de passageiros na Capital e confirmaram que houve queda no número de viagens. Confira as respostas:
Azul:
"Em fevereiro, tínhamos uma média de 920 voos diários e reduzimos a 70 operações por dia em todo o país, por conta das dificuldades operacionais e queda de demanda. A capital Porto Alegre, assim como todo o país, faz parte desse cenário."
A Latam informou que, nesta segunda-feira, operava somente seis voos em Porto Alegre, mas não disse quantas viagens faria em um dia antes da crise. Eram três chegadas (duas de São Paulo e uma do Rio de Janeiro) e três saídas (Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo).
"O Grupo Latam Airlines está realizando uma significativa redução de seus voos e manterá apenas uma malha aérea mínima essencial a ser voada a partir desta semana. O quadro geral de rotas canceladas será informado durante a semana. Com relação às suas rotas internacionais, a companhia já anunciou em 29 de março de 2020 que manterá apenas três rotas a partir do Brasil para Nova York (JFK), Miami e Santiago. As outras rotas internacionais estão suspensas temporariamente até 30 de abril de 2020."
Gol:
A empresa aérea Gol disse que não comenta a queda dos passageiros "por questões estratégicas". A companhia manteve três voos em dias úteis de Porto Alegre para São Paulo.