BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quarta-feira (12) que dólar um pouco mais alto é bom para todo mundo. Ao mencionar períodos em que o real esteve mais valorizado, disse que empregada doméstica estava indo para a Disney, uma festa danada.
Nesta quarta-feira, o dólar atingiu R$ 4,35, novo recorde nominal. Foi o quinto pregão seguido de alta. Em 2020, a moeda acumula valorização d e 8,4% ante o real.
Não tem negócio de câmbio a R$ 1,80. Vamos importar menos, fazer substituição de importações, turismo. [Era] todo mundo indo para a Disneylândia, empregada doméstica indo para a Disneylândia, uma festa danada, disse.
Em discurso Seminário de Abertura do Ano Legislativo da Revista Voto, o ministro prosseguiu sugerindo que as pessoas façam turismo no Brasil.
Espera aí, vai passear em Foz do Iguaçu, vai passear no Nordeste, está cheio de praia bonita, vai para Cachoeiro do Itapemirim conhecer onde Roberto Carlos nasceu. Vai passear, conhecer o Brasil, afirmou.
Em seguida, o ministro reestruturou sua fala sobre as domésticas.
Vão dizer ministro diz que empregada doméstica estava indo para Disneylândia'. Não, o ministro está dizendo que o câmbio estava tão barato que todo mundo mundo estava indo para a Disneylândia, disse.
Com o recuo do varejo em dezembro, o dólar chegou nesta quarta-feira pela primeira vez a R$ 4,3520, alta de 0,57%.
O dado fraco do mês de Natal sugere que a retomada do crescimento econômico não engrenou, o que pode levar a novos cortes na Selic por parte do Banco Central como estímulo. Com juros mais baixos, estrangeiros retiram investimentos do país, o que eleva o preço da moeda americana.
Em 2020, o dólar acumula alta de 8,4% ante o real, que é a moeda que mais se desvaloriza no período em todo o mundo.
Guedes afirmou que o modelo econômico do país, que antes era ancorado em juros altos e câmbio desvalorizado, mudou. Segundo ele, é melhor ter juros a 4% ao ano e câmbio a R$ 4 do que juros a 14% ao ano e câmbio a R$ 1,80.
Câmbio um pouquinho mais alto é bom para todo mundo, mais exportação, mais substituição de importações, ressaltou.
Neste mês, outra fala pública do ministro gerou polêmica. Em defesa do projeto de ajuste nas contas públicas, Guedes comparou servidores públicos a parasitas, que estão matando o hospedeiro (o governo) ao receberem reajustes automáticos enquanto estados estão quebrados.
O governo está quebrado, gasta 90% da receita com salário e é obrigado a dar aumento, argumentou o ministro em evento no Rio de Janeiro.
O funcionalismo teve aumento de 50% acima da inflação, além de ter estabilidade na carreira e aposentadoria generosa. O hospedeiro está morrendo, o cara virou um parasita, disse, defendendo o fim dos reajustes automáticos.
As declarações do ministro geraram críticas de diversas categorias de servidores. Como efeito, a proposta de reforma de cargos e salários do serviço público, que estava pronta para apresentação, acabou adiada.
Ele acabou pedindo desculpas pelas afirmações e disse ter sido mal interpretado.