O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou na noite desta quarta-feira (4), em Bento Gonçalves, que Brasil e Argentina conversaram sobre a ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de voltar a taxar produtos de aço e alumínio dos dois países da América do Sul. Em rápida declaração, o chanceler ponderou que ainda não tem "detalhes" sobre o assunto.
A manifestação de Araújo ocorreu logo após apresentar à imprensa resultados de reuniões com representantes do Mercosul. A 55ª Cúpula da organização segue até quinta-feira (5), no Vale dos Vinhedos.
Na segunda-feira (2), Trump mencionou que pretende restabelecer tarifas sobre importações de aço e alumínio do Brasil e da Argentina. O republicano acusou os países de desvalorizarem "fortemente" suas moedas. A afirmação de Trump é rebatida por analistas do mercado financeiro.
Na Serra, Araújo também celebrou acordos costurados pelo Mercosul que devem ser assinados na quinta-feira. Entre eles, está o de proteção mútua de indicações geográficas. Na prática, o acerto busca resguardar o uso de nomenclaturas específicas de cada região, como a de "Vale dos Vinhedos" para vinhos produzidos nessa área. O principal item da agenda da Cúpula, a revisão da tarifa externa comum (TEC), ficará para o ano que vem.
— A revisão é um tema prioritário. Trabalhamos intensamente para torná-la um instrumento eficaz. Avançamos bastante, mas não concluímos ainda — comentou o ministro, ao mencionar que a tarifa está em "níveis tradicionalmente altos".
Durante a tarde, Araújo participou na Serra de encontros com ministros dos demais Estados que compõem o Mercosul. Em sua manifestação no encontro, o chanceler afirmou que o bloco econômico deve seguir em busca de medidas que o tornem "mais forte e aberto" diante da economia mundial. A declaração ocorreu após integrantes do governo Jair Bolsonaro, inclusive o próprio ministro, sinalizarem que o Brasil poderia deixar a organização devido à vitória da oposição nas eleições presidenciais da Argentina.
— Vamos aproveitar todo o potencial da economia brasileira, vamos integrar melhor o país. Acreditamos que o Mercosul é parte fundamental do novo projeto de nação — afirmou Araújo, lembrando que o governo Bolsonaro caminha para o final do primeiro ano de mandato.
O ponto alto da cúpula ocorre na quinta-feira (5). Trata-se do encontro de Bolsonaro com outras lideranças do bloco. Mauricio Macri (Argentina) e Mario Abdo (Paraguai) confirmaram presença, informou o Itamaraty. Por questões de saúde, o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, deve ser representado pela vice-presidente, Lucía Topolansky.