SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Birôs e bancos começaram a troca de informações do cadastro positivo nesta segunda-feira (11). As empresas têm até o final do ano para notificar os consumidores por email, SMS ou carta de que os suas informações estão inclusos na base de dados gerida pelos quatro birôs de crédito autorizados: Boa Vista, Quod Gestora de Inteligência de Crédito, Serasa e SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito).
Por lei, os birôs de crédito terão 30 dias a partir do recebimento dos dados para comunicar os consumidores sobre a abertura do seu cadastro e a inclusão no cadastro positivo.
O meio de comunicação usado com os consumidores será de acordo com os tipos de contatos dos clientes encaminhados pelos bancos. O envio desses dados por parte dessas instituições deve acontecer até dia 22 de novembro.
"O consumidor que tiver a informação enviada hoje pela instituição financeira, já poderá receber a comunicação de inclusão no cadastro positivo a partir de amanhã. A ideia é que esse aviso explique um pouco sobre o que é o cadastro positivo e forneça os remetentes oficiais nos quais o consumidor possa tirar suas dúvidas", explica o gerente de cadastro positivo do SPC Brasil, Vilásio Pereira.
Com a expectativa de que grande parte das notificações vai utilizar meios digitais, o esforço dos birôs está voltado para tornar os emails mais informativos e com links direcionados para fontes oficiais.
"Há uma forte base tecnológica e de segurança para que os emails não sejam confundidos com spams ou tenham abertura para fraude. Isso vai garantir que a comunicação não gere problemas, principalmente porque o envio será feito em grandes quantidades", explica o diretor de dados da Boa Vista, Ronaldo dos Santos Sachetto.
Para a diretora de operações de dados da Serasa, Leila Martins, porém, mais do que o esforço dos birôs em comunicar sobre o cadastro positivo, é importante que os consumidores fiquem atentos à possíveis tentativas de fraudes e que, caso haja dúvida, busquem informações nos locais oficiais.
"Não haverá, em nenhuma comunicação, algum pedido de dado pessoal ou sensível. É isso o que distingue uma comunicação verdadeira de uma fraudulenta. Além disso, todo o processo do cadastro positivo será feito de maneira conjunta e sempre de forma a garantir a segurança do consumidor", completou Martins.
Segundo o presidente da ANBC (Associação Nacional dos Bureaus de Crédito), Elias Sfeir, cerca de 120 milhões de pessoas estarão inclusas no cadastro nessa primeira fase. Esse número pode aumentar para 150 milhões conforme os demais setores da economia também estejam adaptados ao cadastro positivo. Essa segunda parte deve acontecer ao longo de 2020.
"As conversas com os demais setores já acontecem há mais de seis meses. Em primeiro lugar vieram as instituições financeiras, mas em seguida virão os segmentos de telecomunicações, utilidades e varejo, nesta ordem, que devem completar as informações que estão sendo recebidas agora e também trazer os não bancarizados", afirma.
Essa troca de informações entre bancos e birôs, no entanto, acontece com quatro meses de atraso: esse processo poderia ter sido iniciado desde 9 de julho, quando a lei que autoriza a inclusão automática das pessoas no cadastro positivo foi sancionada.
Com o segmento de telecomunicações, cujas negociações estão mais avançadas, a troca de informações deverá começar a partir de 2020. Já com as empresas de energia elétrica e gás, as discussões ainda não estão completamente definidas.
"Eles estão se preparando, mas há uma série de requisitos técnicos e de segurança que precisam ser cumpridos", acrescenta Sfeir.