Se de um lado o IPE-Saúde vem registrando crescimento no número de profissionais credenciados, de outro, está perdendo segurados. GaúchaZH pediu um levantamento de dados da instituição ao longo dos últimos cinco anos. Em relação à questão orçamentária, o atraso no repasse por parte de órgãos do Estado segue dificultando o equilíbrio das contas do plano de saúde.
Atualmente, são 7.392 profissionais no sistema — crescimento de 2,69% nos últimos cinco anos. Em 2015, o número era de 7.198.
Conforme a instituição, o credenciamento de novos profissionais é maior no Interior do que na Capital. Segundo o IPE-Saúde, para cada inscrição em Porto Alegre, são realizadas seis no Interior.
— Interior do Estado sempre teve uma deficiência muito grande em termos de atendimento médico. O credenciamento no Interior está atrelado naturalmente à expansão de serviços, de empreendimentos – destaca diretor-presidente do IPE-Saúde, Marcus Vinícius Vieira de Almeida, ao ressaltar que o instituto ainda pretende ampliar ainda mais o atendimento no interior gaúcho.
Queda de usuários
Em relação ao número de usuários, a instituição vem tendo redução de contratos. Atualmente, são 1.004.241. Em comparação a 2015, quando havia 1.026.430, houve queda de 2,16%.
Almeida explica que a diminuição tem relação com o fim da compulsoriedade, em 2004, quando até então os servidores não podiam abrir mão do plano. Também atribui ao reajuste de valores do IPE-Saúde em 2018.
— Desde 2011 não tinha qualquer reajuste, revisão. Por essa razão, os servidores mais jovens, segundo nosso diagnóstico, começaram a se desligar do plano — destaca.
Redução de cirurgias
A variação no número de cirurgias não acompanha, até agora, a queda de usuários. Houve crescimento ao longo de cinco anos. Até agosto de 2019, foram 227.440 procedimentos, média de 28.430 por mês. Durante todo o ano de 2015, foram 304.676 procedimentos realizados, média de 25.389 mensais. Representa aumento de 11.97%.
— Está atrelado mesmo à disponibilidade dos serviços de cirurgias médicas que estão sendo ofertados no interior do Estado. Os hospitais do Interior estão cada vez mais qualificados — interpreta Almeida.
Internações e consultas em queda
Já as consultas e as internações pagas pelo IPE-Saúde estão caindo. Até agosto de 2019, foram 2.108.954, média de 263.619 mensais. O que representa queda de 1,94% em relação a 2015, quando houve 3.226.254 consultas, média de 268.854 por mês.
No caso das internações, o IPE-Saúde considera positiva a queda da média mensal em 2019 em relação a 2015. Segundo a instituição,este é um excelente dado, pois evidencia melhora na condição geral da saúde dos usuários – seja pela adoção de práticas e hábitos mais saudáveis, seja pela difusão de uma cultura de prevenção cada vez presente. Foram 111.492 neste ano, até agosto, média de 13.936 mensais. Ao longo de 2015, foram 216.509, média mensal de 18.042. A queda no período foi de 22.7%.
Dificuldade de caixa
Segundo Marcus Vinícius Vieira de Almeida, o IPE-Saúde está próximo de concluir uma negociação que poderá dar um pequeno fôlego financeiro à instituição. O Instituto busca um acordo referente à cobrança de valores devidos por Tribunal de Justiça, Assembleia Legislativa, Ministério Público, Tribunal de Contas do Estado e Defensoria Pública do Estado. Também aguarda pagamento em dia pelo Executivo.
Reportagem de GaúchaZH publicada em julho revelou um passivo total de R$ 637,7 milhões. O IPE-Saúde é responsável por garantir atendimento médico e hospitalar a quase 10% da população do Rio Grande do Sul.
Sobre as dificuldades de caixa, o presidente da autarquia ressalta que “do ponto de vista orçamentário, o IPE é superavitário”.
— Mas a dinâmica de caixa ainda não (é superavitária), tendo em vista a dificuldade que estamos encontrando ainda no recebimento de alguns valores, seja por parte do Estado, como também dos demais poderes e das entidades contratadas — pondera.
Segundo Almeida, o atraso no pagamento dos prestadores de serviços após a aprovação das notas, que ocorria em 30 dias, está em 60 dias.
— Esperamos que a partir desse ano, com trabalho que estamos fazendo, possamos receber parte desses valores até o final do ano. E a partir do ano que vem, tentar encontrar uma dinâmica de pagamentos parecida com a que vinha sendo operada até 2015 — conclui o diretor-presidente do IPE-Saúde, projetando que, se isso ocorrer, até maio de 2020 os pagamentos aos prestadores poderão voltar a serem feitos em 30 dias.