Caminhoneiros autônomos, que não estão ligados a transportadoras, fazem paralisação nesta segunda-feira (10) em rodovias do Rio de Janeiro e de São Paulo. A manifestação busca reverter a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux, que proíbe multar empresas que estejam pagando valores em frete abaixo do mínimo estabelecido, criado depois da greve da categoria em maio deste ano.
Segundo a rádio CBN, o ato no Rio acontece na rodovia Presidente Dutra, na altura de Barra Mansa, no sul do Estado. Não há registro de incidentes em outros locais.
Já em São Paulo, a manifestação é na região de Pindamonhangaba. O acesso ao Porto de Santos, no litoral paulista, também está bloqueado.
Sem unidade
Nos grupos de WhatsApp, os motoristas estão reticentes quanto à efetividade da greve neste momento e discutem os prós e contras da medida. Entre aqueles contrários à paralisação, o argumento é que o período é de pouca carga e que a safra ainda não começou. Ou seja, uma greve agora teria pouco efeito no dia a dia das empresas e na economia.
Outros caminhoneiros entendem que deixar passar em branco o revés sofrido com a decisão do STF pode demonstrar fraqueza do grupo, já que a decisão tem sido vista como uma grande derrota dos motoristas. Para esses, a paralisação é a única solução.
— A greve não está fora do radar, mas é o último recurso — explicou o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga (Sinditac) de Ijuí (RS), Carlos Alberto Litti Dahmer.
— O movimento está bem dividido entre os que querem um confronto direto com o STF e os que acham que ainda tem espaço para avançar pela negociação.
Numa tentativa de apaziguar os ânimos, o líder dos caminhoneiros Wallace Landim, conhecido como Chorão, postou um áudio do deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), que será o futuro ministro da Cidadania no governo Bolsonaro. Ele afirma que, apesar da decisão de Fux, a lei continua valendo e é ilegal não cumprir a tabela. O deputado alerta, porém, sobre os riscos de a categoria perder força com uma greve agora.
– Greve deve ser uma arma para ser usada em último caso – disse Terra.