Em uma sociedade pautada pelas redes sociais, qualquer usuário pode ser um produtor de conteúdo. Uma parcela, porém, vai além. Torna-se um influenciador capaz de impactar a comunidade que o segue e aproximar marcas de seu público.
Foi esse o assunto em debate na noite de quinta-feira na 3ª edição do Ahead, plataforma de discussão sobre a comunicação contemporânea promovida pelo Grupo RBS. Mediado pelo diretor-executivo de marketing da empresa, Marcelo Leite, o evento apresentou as experiências de dois dos principais nomes do setor – Bia Granja, cofundadora da Youpix, e Laura Barros, vice-presidente de marketing global da Gallo.
– É um tema muito relevante que vem sendo experimentado pelas marcas. No marketing, sempre buscamos manter o controle sobre as estratégias. Mas, agora, as empresas seguem no banco de carona e precisam ter mais confiança – disse Leite.
Somando o conhecimento de mais de uma década na Youpix, empresa aceleradora de negócios na indústria digital, Bia destacou a influência nas redes como uma consequência da criação de conteúdo. Por isso, sustenta o uso de um novo termo: creators.
– Os creators entregam uma verdade e um valor dentro da sua comunidade de uma maneira muito criativa. Dá-se uma relação de identidade muito simbiótica para quem os acompanha – afirmou Bia.
Acreditamos em estar juntos dos nossos parceiros, discutindo temas da comunicação contemporânea. Muita coisa nova está acontecendo e ninguém tem as respostas. Todos estão experimentando. Por isso, neste momento, nada melhor do que conversar.
MARCELO LEITE
Diretor-executivo de marketing do Grupo RBS, que mediou o painel
À frente de um projeto inovador na Gallo, Laura levou ao público uma amostra de como as empresas podem se beneficiar do fenômeno. A marca percebeu a necessidade de educar o brasileiro para consumir mais azeite e óleo. Para efetivar a estratégia, elaborou uma parceria com cerca de 30 influenciadores, que somam, cada um, entre 10 mil e 100 mil seguidores.
Trata-se de uma espécie de relacionamento a longo prazo. A partir de cada postagem sobre os produtos, os influenciadores recebem pontos que podem ser trocados por uma série de vantagens para se especializarem, como cursos de foto e vídeo. Chamado de Confraria Gallo, o projeto aprofundou a relação com o público nas redes sociais.
Influência é relacionamento. São duas marcas que têm valores específicos e precisam estar alinhadas. Isso é muito relevante, porque a sua verdade é tudo o que você tem na internet. Não funciona de outro jeito.
BIA GRANJA
Cofundadora e diretora criativa da Youpix
– Conseguimos um engajamento maior, uma continuidade de comunicação e uma proximidade que a marca nunca teria sozinha. O importante é saber como trabalhar com os influenciadores para garantir resultados – destacou Laura.
Habituada a gerir marcas, a especialista em marketing classificou a confraria como um "desafio". A cofundadora da Youpix disse que as empresas precisam se desvencilhar dos modelos tradicionais e realizar uma escolha criteriosa de seus parceiros digitais para evitar crises.
As empresas são donas de suas marcas, mas, agora, os influenciadores são coparticipantes na comunicação. Isso provoca pânico para um gestor de marcas. Por isso, falamos de afinidade. Você passa o bastão para alguém e diz 'dirige a minha marca comigo'.
LAURA BARROS
Vice-presidente de marketing global da Gallo
– É um mundo novo, no qual tem de se aventurar. É preciso desapego e construir uma imagem de longo prazo – completou Laura.
O debate também abordou a polêmica envolvendo o youtuber Júlio Cocielo, do canal Canalha, que perdeu uma leva de apoio de grandes marcas ao publicar um tuíte racista durante a Copa do Mundo. Para as especialistas, essas crises podem ser evitadas.
– Foi uma boa oportunidade para discutir e amadurecer o setor. Não se pode focar somente no número de seguidores de um influenciador, mas em todo o conteúdo que ele produz – arrematou Bia.