O ponto de equilíbrio da taxa básica de juros da economia brasileira (Selic) poderá ficar entre 7% a 8% ao ano caso o candidato que vencer as eleições para a Presidência seja favorável à continuidade de uma agenda de reformas fiscais, segundo estimativa da sócia e estrategista-chefe do banco BTG Pactual, Stefanie Birman.
"O cenário eleitoral benigno seria de um candidato favorável às reformas, especialmente a previdenciária, e com capacidade política para levar essa agenda adiante", avaliou há pouco Stefanie, durante evento organizado pelo banco com empresários e investidores do mercado imobiliário.
Já em um cenário oposto, com a eleição de um candidato sem afinidade com as reformas e/ou a falta de capacidade política para aprovar as reformas, o ponto de equilíbrio da Selic tenderá a ficar numa banda de 10% a 13% ao ano. "Nesse cenário, haveria uma combinação muito ruim de infração alta, juros altos e desemprego alto", estimou Stefanie.
A estrategista salientou que o Brasil passa atualmente pela recuperação econômica mais lenta da sua história. Segundo sua avaliação, parte dessa vagarosidade é explicada pela adoção de medidas de aperto fiscal e contração e investimentos públicos nos últimos dois anos.
A isso, entretanto, se soma a perda de confiança de empresários e consumidores afetados pelas incertezas provocadas pela proximidade das eleições. A executiva observou que a recuperação deverá ser ainda mais afetada pelos impactos decorrentes da greve dos caminhoneiros.
Stefanie acrescentou que o BTG Pactual trabalha com um cenário base de contração do PIB de 0,1% no segundo trimestre, com chance de ser revisto para uma queda de até 0,5%.
A equipe econômica do banco ainda espera alguma aceleração da inflação no fim do ano, considerando a intensa desvalorização cambial, além do efeito de alta nos preços de diversos itens em função da paralisação dos caminhoneiros.