Definido pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central nesta quarta-feira (6), o corte de um ponto percentual no juro básico, que caiu para 8,25%, tem impacto em diferentes áreas da economia, desde investimentos de empresas a consumo de famílias.
– A atividade econômica está fraca, apesar de apresentar recuperação, que ainda é lenta. Além disso, a inflação continua em baixa no país. Esse cenário abre espaço para o Copom seguir cortando o juro básico – avalia o economista-chefe da Geral Investimentos, Denilson Alencastro.
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Confira efeitos do corte na Taxa Selic:
Inflação
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para o controle da inflação, que ficou em 0,19% em agosto, menor variação para o mês desde 2010. Quando a instituição a reajusta para cima, tenta conter o excesso de demanda que pressiona os preços, porque o juro mais alto encarece o crédito e serve de estímulo para a poupança e outras aplicações de renda fixa.
Como a inflação está em baixa, o Copom seguiu com a poda na Selic para tentar incentivar o consumo dos brasileiros e a produção nas empresas, ações necessárias para a retomada do Produto Interno Bruto (PIB), que cresceu 0,2% no segundo trimestre.
Investimentos de empresas
Segundo especialistas, o corte no juro pode incentivar a reação de empresas que buscam crédito mais barato para investir. Consequentemente, a alta na produção das companhias pode levar a novas contratações e aliviar o quadro de desemprego.
A retomada mais consistente da economia ainda esbarra na dificuldade para consolidação de investimentos no país, como mostrou pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No segundo trimestre, a taxa que mede a ocorrência de novos aportes nas empresas atingiu 15,5% do PIB, abaixo da observada em igual período do ano passado (16,7%).
Consumo
Além de baratear o financiamento para as companhias, o BC busca alavancar o consumo no país ao cortar a Selic. Com taxas de juro mais baixas nos bancos, a tendência é de que o custo do crédito tomado para compra de bens pela população também recue.
Entre abril e junho, a alta no consumo das famílias – a primeira depois de nove trimestres – influenciou de maneira positiva na expansão de 0,2% do PIB.
Aplicações financeiras
Para quem mantém aplicações financeiras como poupança e Certificados de Depósito Bancário (CDBs), o corte na Selic não traz animação. Como a taxa serve de referência para investimentos pessoais de renda fixa, os rendimentos também recuam.
Antes da decisão do Copom, a valorização da poupança era de 6,17% ao ano, com acréscimo de Taxa Referencial (TR). Como o juro básico agora está abaixo de 8,5%, o rendimento da caderneta cai para 70% da Selic – o equivalente neste momento a 5,77% –, mais a TR. Essa regra, que entrou em vigor em 2012, atinge os depósitos feitos a partir de 4 de maio daquele ano.
Próximas reuniões do Copom
Segundo a mais recente edição do relatório Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, analistas do mercado financeiro projetam que o juro básico encerre este ano em 7,25%. Até o fim de 2017, o Copom terá mais duas reuniões, agendadas para outubro e dezembro.