O lucro líquido do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) atingiu R$ 63,8 milhões no primeiro semestre, baixa de 17,8% em relação a igual período de 2016. Em entrevista nesta segunda-feira (28), o diretor-presidente da instituição, Odacir Klein, informou que o resultado foi impactado pela criação do Programa de Estímulo ao Desligamento Voluntário (PEDV).
Com despesa projetada de R$ 17,4 milhões, a medida é voltada a 140 dos cerca de 540 funcionários, que podem ou não aderir à iniciativa ao longo do ano. Sem a influência do PEDV, o lucro do BRDE chegou a R$ 81,2 milhões no período, alta de 4,6% na comparação com o intervalo entre janeiro e junho de 2016.
– O PEDV representa a saída de parte dos bancários e integrantes da direção geral com salários maiores. Sem isso, teríamos praticamente empatado o lucro do primeiro semestre de 2016. Havia funcionários com encargos que não eram mais necessários – disse Klein.
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Controlado por Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, o banco público tem o papel de apoiar empreendimentos de diferentes portes, para aumentar a competitividade na região. Em julho, havia surgido a informação de que o Piratini teria interesse em repassá-lo à União como parte das negociações para aderir ao regime de recuperação fiscal. Ao ser questionado sobre o assunto, Klein disse que essa condição "está inteiramente suspensa".
– O BRDE tem custo zero para os Estados. É um instrumento para ter investimentos na região – sublinhou.
No primeiro semestre, o banco registrou a contratação de R$ 1,2 bilhão em 3.043 novas operações, de micro a grandes empresas. O resultado aponta queda de 33,4% em relação ao desembolso de R$ 1,8 bilhão no mesmo período do ano passado. Mesmo assim, o BRDE seguiu como o maior repassador dos recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no Sul, com 17% do total.
Da quantia de R$ 1,2 bilhão em financiamentos contratados na região, em torno de 44% – R$ 566 milhões – foram destinados a projetos no Rio Grande do Sul. As micro e pequenas empresas gaúchas representaram 82% das operações realizadas.
– O banco não empresta dinheiro para ter rentabilidade. Financia projetos viáveis que gerem desenvolvimento econômico – mencionou Klein.
Entre janeiro e junho, o BRDE registrou índice de inadimplência de 2,70%, que mede dívidas superiores a 90 dias. A taxa é maior do que a do primeiro semestre de 2016, quando estava em 2,44%, mas inferior à do Sistema Financeiro Nacional (SFN), que foi de 3,70% no primeiro semestre deste ano.
"Precisamos ser seletivos", afirma diretor-presidente
Klein avalia que, nos próximos meses, empreendedores seguirão buscando aportes por estarem "se descolando" das incertezas na política brasileira depois de período de "perplexidade" em relação ao futuro do país.
– Temos demanda por recursos, mas não há sobras por conta da diminuição nos repasses do BNDES. Então, precisamos ser seletivos. Procuramos projetos que gerem empregos – observou.
Segundo o BRDE, foram mantidos 35.377 clientes ativos em 1.083 cidades de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Entre as ações realizadas de janeiro a junho, está a renovação do contrato com a Agência Nacional do Cinema (Ancine), por mais cinco anos, para aportes de recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FAS). No período, a previsão de repasses é de R$ 5 bilhões.
O BRDE também está preparando nova fase do programa BRDE Municípios, para apoio a projetos de infraestrutura, desenvolvimento tecnológico e produção de bens.
– Fazemos esforço para diversificar atividades. O FAS dá grande visibilidade para o banco na área cultural – avaliou o diretor de planejamento, Luiz Correa Noronha.