A redução de recursos devido ao contingeciamento orçamentário está levando as Forças Armadas a uma "situação crítica", disse nesta segunda-feira o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas. De acordo com o general, a falta de verbas está comprometendo ações de segurança nas fronteiras e o desenvolvimento de ações sociais por parte dos militares.
– (A segurança das fronteiras) fica comprometida, bem comprometida. As operações de fronteira já estão sendo reduzidas. Porque na medida em que falta combustível e outros insumos necessários, se torna impossível prosseguir no mesmo ritmo que estava antes – disse Villas Bôas, após a cerimônia de apresentação dos oficiais-generais promovidos, no Palácio do Planalto.
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Segundo o general, as restrições orçamentárias já estão prejudicando as "capacidades essenciais" das tropas.
– Também a nossa capacidade de desenvolver ações sociais, por exemplo, a entrega de água no Nordeste. São 4 milhões de pessoas (atendidas). Nos preocupa muito que a nossa capacidade de atender essas demandas seja comprometida.
O general descartou o fechamento de unidades militares, mas afirmou que poderá haver redução de expediente em algumas bases.
– Unidades não serão fechadas, pelo menos por enquanto. É muito perigoso criarmos vazios. Mas pode haver redução de expediente, o que é extremamente desconfortável. Vamos tentar evitar isso – disse Villas Bôas.
O governo anunciou no fim de julho um novo bloqueio orçamentário de R$ 5,9 bilhões, que afetou diversas áreas. O corte foi necessário para repor a queda na expectativa total de arrecadação e o equilíbrio das contas para que o governo possa cumprir a meta fiscal prevista para 2017.
Em discurso na cerimônia de promoção de militares, Temer fez elogios às Forças Armadas.
– Sabemos sempre poder contar com as Forças Armadas, em primeiro lugar, para aquela que é sua principal atribuição: a proteção de nosso vasto território, de nosso imenso litoral, de nossas imensas riquezas – disse Temer. – Muitas vezes, tenho tido o privilégio de acompanhar nossos militares em operações em fronteiras remotas do país. Nessas ocasiões, além de constatar o trabalho essencial de defesa da nossa soberania, verifico o papel que nossas Forças Armadas desempenham na área social.
Ao discursar sobre a atuação das Forças Armadas no apoio às ações de segurança pública nas cidades, como acontece atualmente no Rio de Janeiro, Temer disse que a garantia da lei e da ordem "está na moda".
– Tenho certeza de que os senhores (generais promovidos) seguirão exercendo, com competência, sob a égide do Ministério da Defesa, as funções que lhes atribui a Carta Magna: a defesa da Pátria, a garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa destes – aliás, está muito na moda –, a garantia da lei e da ordem.