Pode parecer paradoxal, mas na dimensão de melhor colocação no iRS também surge um problema que assusta os gaúchos e puxa para baixo o desempenho no índice que mede a evolução da qualidade de vida. Em longevidade e segurança, o Rio Grande do Sul vai bem em mortalidade infantil. Tem a segunda menor taxa do Brasil, superado por Santa Catarina. Na variável mortes de trânsito, o quadro tem evoluído de forma positiva. De 2014 para 2015, teve a maior redução de casos fatais da série histórica.
Mas quando a análise se volta para a violência, a tendência é outra. O ano de 2015 foi o segundo consecutivo de piora na taxa de homicídios no Estado, na contramão do país, que diminuiu a incidência de casos do gênero na comparação com 2014.
No início da série histórica, em 2007, a taxa de homicídios no Rio Grande do Sul era de 20,1 ocorrências por grupo de 100 mil habitantes. Passou para 26, o dobro da vizinha Santa Catarina. Também no primeiro ano com os dados do iRS, a razão do Brasil (25,2) era 25% superior à gaúcha. Agora, a taxa nacional (28,4) é somente 9% superior à do Estado. Ou seja, os homicídios cresceram em uma velocidade maior no Rio Grande do Sul.
Fundador do Núcleo de Estudos da Violência da UFRGS, o professor aposentado Juan Mario Fandino Marino avalia que a onda de homicídios tem relação com o conflito entre facções, mas lembra que as mortes não atingem apenas seus integrantes. Extrapola para outros crimes, como latrocínios. No caso gaúcho, a crise no aparato estatal de segurança colabora.
– É um agravante sério e decisivo. Cria nos chefões da criminalidade uma sensação de poder – afirma Marino.
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A conclusão reforça o aparente paradoxo: a dimensão onde o Rio Grande do Sul vai melhor – graças à queda da mortalidade infantil e das mortes no trânsito – também é a que os gaúchos menos avançaram na série do iRS. São Paulo segue à frente do ranking.