Anunciado em 2015, o plano da General Motors (GM) de ampliar a unidade de Gravataí para montar um novo carro terá detalhes revelados nos próximos dias, quando a empresa e o governo gaúcho deverão anunciar oficialmente o projeto. O modelo deverá estar no mercado em 2020, um ano depois do planejamento original. Para produzir o veículo, só a GM investirá cerca de R$ 1,5 bilhão.
Mesmo que os detalhes ainda sejam mantidos em sigilo, esperase que o novo carro seja uma espécie de SUV urbano compacto, para concorrer na faixa de modelos como Nissan Kicks e Renault Captur. Quem teve acesso a informações sobre o veículo também ressalta que a intenção da GM é apostar na conectividade e forjar um novo padrão para os veículos dessa faixa de mercado no Brasil.
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O projeto tem a ambição de alçar a planta de Gravataí a um novo patamar de importância dentro da corporação e para o mercado. A fábrica passará a ser central na estratégia da montadora para o Mercosul, atendendo sul e sudesde do Brasil e Argentina, principalmente.
Apesar de a recessão que assola o país ter derrubado a venda de veículos nos últimos anos, a ampliação da unidade faz parte do planejamento de longo prazo da General Motors para o Brasil. Em agosto de 2014, a montadora anunciou a intenção de investir R$ 6,5 bilhões para produzir seis novos modelos – tanto de veículos já fabricados em outras unidades da empresa no mundo quanto de novidades. Além do mercado interno, os automóveis seriam destinados a outros países emergentes.
Governo negociou inventicos fiscais
As unidades mais beneficiadas seriam as de São Caetano (SP) e Gravataí. Em julho de 2015, no entanto, a companhia informou que o projeto para o país chegaria a R$ 13 bilhões até 2018. À época, se esperava que o novo veículo montado no Estado chegasse ao mercado em 2019.
A fábrica de Gravataí se dedica hoje a montar apenas dois modelos, após o Celta, primeiro carro produzido na fábrica, sair do mercado. O principal é Onix, o mais vendido no país. Apenas no primeiro semestre, foram emplacadas 83,2 mil unidades, 21% a mais do que no mesmo período do ano passado. O outro é o Prisma, sexto mais vendido no país – 31,2 mil veículos entre janeiro e junho.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, Valcir Ascari, diz ser difícil projetar o número de postos de trabalho que serão criados, em virtude da grande automação da linha. Hoje, estima o dirigente, apenas a GM tem cerca de 2,8 mil empregados. Contando com os sistemistas, em torno de 5 mil. A expectativa, adianta Ascari, é que o novo modelo permita contratações para o retorno do terceiro turno na unidade.
A negociação entre GM e governo gaúcho também passa por incentivos fiscais. Na semana passada, a Assembleia aprovou projeto de lei que altera o Fundopem e cria o Programa de Harmonização do Desenvolvimento Industrial do Rio Grande do Sul (Integrar-RS). O mecanismo deve ajudar a atrair principalmente os futuros fornecedores da unidade ampliada. Consultada, a GM disse que não vai se manifestar sobre o assunto.
HISTÓRICO DOS APORTES
– A unidade de Gravataí foi inaugurada em julho de 2000, após investimento de US$ 600 milhões, para produzir o modelo popular Celta. A capacidade original era de 120 mil veículos por ano.
– Em 2004, a empresa anuncia a primeira ampliação do complexo de Gravataí. O investimento, de US$ 240 milhões, seria feito na linha de produção do novo sedã Prisma, lançado em 2006. A fábrica passa para capacidade de 230 mil veículo ao ano.
– A segunda expansão ocorreu em 2010 e demandou investimento de R$ 1,4 bilhão. A capacidade de produção foi elevada de 230 mil para 380 mil veículos por ano. O projeto era para a produção do Onix, que chegou ao mercado em 2012 e hoje é líder de mercado.