Um dia depois de anunciar aumento de PIS/Cofins sobre combustíveis e de afirmar que a população compreenderia a elevação da carga tributária, o presidente Michel Temer disse que entende a reação negativa das indústrias e que "aos poucos todos compreenderão, a Fiesp inclusive".
– É natural (haver) essas relativas incompreensões. A Fiesp sempre fez uma campanha muito adequada contra o tributo – destacou, em rápida entrevista após a foto oficial da 50ª Cúpula do Mercosul, evento que ocorre em Mendoza, na Argentina.
Nesta sexta-feira (21), a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) voltou a expor o pato amarelo inflável, um dos principais símbolos de manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT), em sua sede em São Paulo, na Avenida Paulista. Na véspera, o presidente da entidade, Paulo Skaf, se disse "indignado" com a medida, e avaliou que a elevação de tributos deve agravar a crise num momento em que a economia dá sinais de recuperação.
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Temer rechaçou a possibilidade de a postura da classe empresarial ter alguma reação política, afetando a sua base de apoio.
– É natural reação econômica, ninguém quer tributo, mas quando todos compreenderem que é fundamental para incentivar o crescimento, manter a meta fiscal, para dar estabilidade ao país e para não enganar, não produzir nenhum ato governativo que seja enganoso ou fantasioso, para o povo, esta matéria logo será superada – disse.
Questionado se a elevação de PIS/Cofins seria suficiente para manter o ajuste ou se o governo pode anunciar mais elevação da carga tributária, Temer afirmou que "não há previsão" de novos aumentos de impostos.
– Por enquanto, estamos atentos, a equipe econômica está atenta a isso apenas para esse aumento. Não sei se haverá necessidade ou não, mas naturalmente haverá diálogo e observações sobre isso – afirmou.
Temer voltou a dizer que, quando assumiu o governo, havia a expectativa da recriação da CPMF e ele conseguiu não reeditar o tributo.
– Vocês se recordam quando eu cheguei, nós estávamos com o signo da CPMF, todos achavam que nós iríamos restabelecer a CPMF, não o fizemos durante mais de 14, 15 meses – afirmou. – E agora, exata e precisamente para manter o crescimento, para incentivar o crescimento, para manter a meta fiscal, foi indispensável que fizéssemos o aumento relativamente a PIS/Cofins apenas ao combustível – completou.
O presidente salientou que o aumento anunciado na quinta-feira (20) não é geral e é apenas para o setor de combustível.
– A CPMF seria algo que apanharia todos os depositantes de bancos e eu compreendo a reação da Fiesp, reação mais do que razoável – reforçou.