A propagação das placas de "aluga-se" e "vende-se" pela Capital sugere que o jogo virou para o lado do consumidor. O preço médio dos imóveis, que já deixara de subir, engrenou recentemente uma sequência de quedas – cenário convidativo ao comprador ou locatário que sabe negociar.
O boom imobiliário entre 2008 e 2011 – quando se esperava que mais consumidores fossem às compras, tese demolida pela crise econômica – espalhou ofertas pela Capital. Naquele tempo, o metro quadrado subia mais de 20% ao ano no país, assustando quem contava cada real para comprar uma casa. Mas o cenário mudou.
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Nos últimos cinco anos, a oferta quase triplicou – muitos imóveis ainda cheirando a tinta não encontram compradores. Quando a oferta cresce e a demanda estaciona, quem precisa ceder é o vendedor, e não o cliente. Nessas horas, alguns macetes podem ajudar na negociação. Confira as dicas do Encare a crise.
1) Renovar ou trocar o aluguel?
O preço de novos aluguéis está em queda, mas isso não se replica necessariamente em condições mais vantajosas na renovação de antigos contratos, regulados por indicadores de inflação – o mais comum é o IGP-M. Em 12 meses, esse índice subiu quase 5% – já os novos aluguéis minguaram 6%. Ou seja, pelo que paga atualmente, um locatário poderia escolher um apartamento mais espaçoso, uma casa melhor localizada. É hora de questionar se não é momento de buscar outro endereço. Ou usar o recente marasmo do mercado como argumento quando renovar o contrato por mais um ano.
2) Imóvel novo virou barbada?
A compra na planta continua atraente para quem pode pagar à vista ou dar uma boa entrada. Na tentativa de reforçar o caixa, algumas construtoras aceitam baixar valores em até 18% na venda antecipada. Mas esse desconto tem um preço: há risco de atraso na entrega do imóvel – recentemente, o Procon de Porto Alegre começou a mobilizar mutuários de um prédio na Zona Sul após cinco adiamentos na entrega – e o peso de um financiamento antes da mudança pode se tornar demasiado.
As melhores oportunidades podem estar nos apartamentos já entregues, mas que "encalharam" nas mãos de quem investiu ainda na fase de construção para embolsar algum lucro.
3) É hora de comprar para investir?
A ideia de adquirir um imóvel como aplicação financeira tem validade parcial. No curto prazo, é alto o risco de ser um mau negócio – que o diga quem comprou apartamentos na planta nos últimos anos e agora corre para evitar prejuízo. Há ainda o risco de liquidez: quem precisar do dinheiro que investiu poderá levar meses para encontrar um comprador. Para o longo prazo, é outra história. Alguns economistas costumam ver com simpatia essa aplicação, pois o dinheiro tende a ficar protegido dos efeitos da inflação e o proprietário ainda pode ter ganhos com aluguéis.