A queda no volume de negócios não é exclusividade do mercado de locações. Os imóveis novos também vêm enfrentando retração nas vendas de forma contínua desde o início da crise econômica no país.
A diminuição da taxa básica de juro e as medidas recentemente anunciadas pelo governo federal ainda não surtiram o efeito desejado, mas o aumento de lançamentos a partir da segunda metade do ano passado indica que o setor está mais otimista.
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Em fevereiro, o Ministério das Cidades elevou os limites de renda das famílias e o valor máximo dos imóveis financiados pelo Minha Casa Minha Vida. Uma semana depois, o Conselho Monetário Nacional ampliou para R$ 1,5 milhão o teto para financiamento residencial com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FTGS). Por utilizar grande quantidade de mão de obra, a construção civil é considerada setor estratégico para reduzir o desemprego.
Com cerca de 67% do mercado de financiamento habitacional, a Caixa Econômica Federal também tem buscado formas de reduzir os efeitos da recessão e vem sinalizando que pretende passar a oferecer taxas menores para clientes considerados de menor risco, como os que derem entrada maior ou tomarem empréstimos de prazo mais curto. Até agora, o banco oferecia taxas de juro padronizadas para não correntistas.
– O ponto de virada foi em agosto passado, após a Olímpiada e a resolução do impeachment. Quem é do setor consegue perceber que, mesmo pequena, já houve melhora. O aumento no número de lançamentos reflete essa confiança. No acumulado de 2016, tivemos queda nas vendas de 7%, o que não é muito. Pode ser considerado normal em um mercado como o nosso – afirma Ricardo Sessegolo, presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon-RS), ressaltando que depois de um fevereiro "mais parado", março registrou aumento expressivo de intenção de compra.
Os dados consolidados do mês ainda não foram divulgados pela entidade.
O cenário porto-alegrense de incerteza – com retomada de empreendimentos e queda nas vendas – é bastante parecido com o que se vê no restante do país. Os lançamentos de imóveis comerciais e residenciais no Brasil em 2016 cresceram 9%, segundo levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) em parceria com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). Mas as vendas recuaram 8% no mesmo período.
Enquanto a retomada não ocorre, as incorporadoras trabalham em outra frente, considerada importante para a recuperação econômica do setor. Aguardam um desfecho das negociações para regulamentação da situação de cancelamento de contratos de venda, o chamado distrato.
O setor vem dialogando há meses com entidades de defesa do consumidor e representantes do Ministério do Planejamento sobre os direitos e as obrigações de compradores e empresas em caso de cancelamento do contrato. O governo estuda fixar multa de 25% sobre o valor do contrato. Desde o início da recessão, a quantidade de distratos deu um salto. O índice de cancelamentos, que não chegava a 20% até o início de 2014, chegou a 43,4% em 2016.