Pelo menos três grupos apresentaram proposta para participar do leilão de concessão dos aeroportos de Porto Alegre, Florianópolis, Salvador e Fortaleza, que ocorre quinta-feira na BM&FBovespa. Todos eles receberam ao menos um lance de empresas interessadas.
Na disputa, que representará investimentos da ordem de R$ 6 bilhões, estão grandes nomes internacionais, como a francesa Vinci Airport e a alemã Fraport. Os grupos nacionais, como Pátria, Vinci Partners e CCR, desistiram do certame.
O jornal O Estado de S. Paulo apurou com fontes do governo que, no total, foram apresentadas oito propostas. Um dos aeroportos recebeu três; outros dois receberam duas propostas cada; e um aeroporto recebeu apenas uma. Isso significa que todos os aeroportos receberam lances das empresas.
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As propostas foram entregues entre 9h e 16h desta segunda-feira, na sede da Bolsa, no centro da capital paulista. A maior surpresa veio do fundo de investimento Pátria, que havia se unido com a alemã AviAlliance. Até então, o consórcio era visto como um dos concorrentes mais fortes do leilão.
O grupo chegou à Bolsa no início da tarde com, pelo menos, meia dúzia de pacotes e caixas e permaneceu na recepção até por volta de 15h30min. Em seguida, todos se credenciaram no balcão dedicado aos candidatos ao leilão e subiram com todo o material. Depois disso, saíram pelas portas dos fundos da Bolsa. No início da noite, uma nota oficial do Pátria informava que a empresa não havia apresentado proposta para nenhum dos quatro aeroportos.
Outra que desistiu da disputa foi a CCR, que no último leilão arrematou o Aeroporto de Confins. Segundo o diretor de novos negócios da empresa, Leonardo Vianna, até sexta-feira o grupo avaliava a possibilidade de participar ou não do leilão. "Com a nossa experiência em Confins, avaliamos que os valores de capex (investimentos) estavam subavaliados", explicou o executivo.
Ele acrescentou ainda que a defasagem nos estudos de demanda atrapalharam a participação da empresa. Com a crise econômica, a movimentação de passageiros nos aeroportos teve uma queda representativa, que prejudicou no cálculo de uma proposta, completou Vianna. "Também há uma dificuldade de financiamento, já que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) vai financiar um porcentual menor da concessão."
Para completar a lista de desistentes, a brasileira Vinci Partners rompeu a parceria com a suíça Zurich Airport e ficou de fora da disputa. As espanholas Aena e OHL também não vão participar do leilão, apesar de terem estudado os quatro aeroportos. Um terceiro grupo que entregou proposta pelos aeroportos não foi identificado. A suspeita é que seja a Corporación América, sócia da Inframérica, que administra os aeroportos de Brasília e Natal, ou a Zurich, sozinha.
No governo, o baixo número de propostas já era esperado. Mas havia expectativa de que pudessem aparecer mais grupos para disputar o leilão. Segundo uma fonte em Brasília, o número de propostas reflete bem o cenário, com alguns ativos bons e outros nem tanto. Isso, combinado a uma série de questões que ainda continuam pendentes de uma solução no setor, como o Aeroporto do Galeão e vários reequilíbrios que não foram resolvidos. "ê um aumento do risco pela gestão ineficiente", diz uma fonte do governo.
Vexame
Entre os especialistas que acompanharam todo o processo de licitação, a presença de apenas três grupos representa "o primeiro vexame" do governo Temer na área de infraestrutura. "Três é muito pouco. O ágio deve ser mínimo, se houver", afirmou um advogado que trabalhou com operadores.
O leilão vai reforçar o caixa do Tesouro, já que uma parte da outorga terá de ser paga à vista (25% do preço mínimo mais ágio). No mínimo, o governo federal, que vive grave crise fiscal, pode arrecadar cerca de R$ 750 milhões.