Esclarecimento: nenhum executivo do frigorífico JBS foi preso na Operação Carne Fraca. O profissional ligado ao grupo detido é o médico sanitarista Flávio Cassou. O texto já foi corrigido.
O delegado federal Maurício Moscardi Grillo afirmou, nesta sexta-feira, que parte do dinheiro arrecadado pelo esquema de corrupção envolvendo fiscais e maiores frigoríficos do país, descoberto pela Operação Carne Fraca, abastecia o PMDB e o PP.
– Dentro da investigação ficava bem claro que uma parte do dinheiro da propina era, sim, revertido para partido político. Caracteristicamente, já foi falado ao longo da investigação dois partidos que ficavam claros: o PP e o PMDB – afirmou.
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Funcionários do frigorífico JBS e da empresa BRF Brasil foram presos. O esquema seria liderado por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio. Segundo a PF, a operação detectou em quase dois anos de investigação que as Superintendências Regionais do Ministério da Pesca e Agricultura do Estado do Paraná, Minas Gerais e Goiás "atuavam diretamente para proteger grupos empresariais em detrimento do interesse público".
"Os agentes públicos, utilizando-se do poder fiscalizatório do cargo, mediante pagamento de propina, atuavam para facilitar a produção de alimentos adulterados, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização efetiva", diz PF.
Contrapontos
A JBS divulgou nota sobre o assunto:
"Sobre a operação da Polícia Federal, a JBS esclarece que qualidade é a sua maior prioridade e a razão de ter se transformado na maior empresa de proteína do mundo. A JBS exporta para mais de 150 países, como Estados Unidos, Alemanha e Japão. É anualmente auditada por missões sanitárias internacionais e por clientes", diz o texto.
"No despacho da Justiça, não há menção a irregularidades sanitárias da JBS. Nenhuma fábrica da JBS foi interditada. Ao contrário do que chegou a ser divulgado, nenhum executivo da empresa foi alvo de medidas judiciais. Um funcionário da unidade de Lapa, no Paraná, foi citado na investigação. A JBS não compactua com desvios de conduta e tomará todas as medidas cabíveis."
"Por fim, a JBS reforça seu comprometimento com a qualidade de seus produtos e reitera seu compromisso histórico com o aprimoramento das práticas sanitárias", conclui a nota.
Em nota, a BRF também se posicionou sobre a operação:
"A BRF informa que, em relação à operação da Polícia Federal realizada na manhã desta sexta-feira, está colaborando com as autoridades para o esclarecimento dos fatos. A companhia reitera que cumpre as normas e regulamentos referentes à produção e comercialização de seus produtos, possui rigorosos processos e controles e não compactua com práticas ilícitas. A BRF assegura a qualidade e a segurança de seus produtos e garante que não há nenhum risco para seus consumidores, seja no Brasil ou nos mais de 150 países em que atua."
O espaço está aberto para manifestações dos partidos citados pelo delegado Maurício Moscardi Grillo.
*Estadão Conteúdo