A agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) reafirmou o rating soberano do Brasil em BB e manteve a perspectiva negativa para a nota, o que sinaliza chance de rebaixamento nos próximos meses, de acordo com comunicado divulgado na tarde desta sexta-feira.
"A perspectiva negativa reflete nossa visão de que há pelo menos uma probabilidade em três de que possamos rebaixar o rating do Brasil mais para o final do ano", afirma o comunicado da S&P, destacando que a situação política do país permanece incerta e em risco, considerando o cenário de três anos de recessão econômica, aumento do desemprego, tensões sociais e a crise da dívida dos Estados.
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A S&P ressalta no texto que as delações premiadas feitas na Operação Lava-Jato podem afetar o ambiente político e complicar a implementação de políticas econômicas pela equipe do presidente Michel Temer. "Enquanto o governo Temer e o Congresso avançaram em algumas legislações para reforçar a trajetória fiscal, considerando a combinação do estágio inicial das medidas e o tamanho do ajuste necessário, esperamos por evidências adicionais do progresso em estabilizar a economia e reduzir a incerteza política."
Na avaliação do economista Luis Afonso Fernandes Lima, da Mapfre Investimentos, o anúncio da instituição reforça a ideia de que o país ainda encontra-se num processo de ajuste, com crescimento baixo, demanda reprimida e em processo de desalavancagem.
– Não foi balde d'água nas expectativas, mas um novo copo d'água fria – afirmou o especialista.
Ele lembrou que, há alguns dias, a diretora da agência, Lisa Schineller, já dissera que "serão necessários vários anos e sucessivas administrações federais" para viabilizar a recuperação econômica do Brasil.
O economista da Mapfre Investimentos apontou que o Brasil ainda deve ter alguns anos de baixo crescimento, enquanto ocorre também a diminuição do endividamento das famílias.
– Já começamos o processo de ajuste, em parte. Mas a demanda doméstica não deve reagir tão cedo – disse o especialista, ao destacar investimentos privados e públicos limitados.
Para ele, o endividamento das famílias ainda encontra-se elevado e inibe o consumo.