Correção: O lucro líquido do Banrisul em 2016 caiu 22,3% em relação a 2015, e não 14%, como o título e o texto informavam incorretamente das 12h46min às 17h01min. A informação foi corrigida.
Em meio às especulações sobre uma eventual privatização do Banrisul, o banco divulgou nesta quinta-feira que teve lucro líquido de R$ 659,7 milhões em 2016. O resultado foi 22,3% menor do que no ano anterior, quando o ganho havia alcançado R$ 848,8 milhões. Ao apresentar os resultados, o presidente da instituição, Luiz Gonzaga Veras Mota, destacou a rentabilidade de 10,3% sobre o patrimônio líquido médio e rechaçou a possibilidade de venda da instituição.
– O banco não será privatizado. Não tem o que se falar sobre esse assunto, nem cabe especulação. A nós, cabe trabalhar – afirmou Veras Mota.
Segundo o executivo, a redução no lucro líquido foi impactada pela compra de folhas de pagamento do governo do Estado, do Tribunal de Justiça e de 177 prefeituras, que consumiu R$ 102 milhões. Ele também citou despesas decorrentes da variação cambial em 2016, ao custo de mais de R$ 50 milhões.
Leia mais
Feltes nega que privatização do Banrisul seja condição para socorro do Planalto
Todos de olho na divulgação do balanço anual do Banrisul
Badesul não é a única agência de fomento sob rédea curta do BNDES
Veras Mota disse ainda que o resultado de 2015 havia sido majorado por R$ 248 milhões em receitas extraordinárias que não se repetiram no ano passado. Se for avaliado o lucro líquido ajustado (retira dados considerados extraordinários), o ganho no ano passado ficou em R$ 652,3 milhões, queda de 14% em relação a igual período anterior.
Ao mesmo tempo, o índice de inadimplência (devedores há 90 dias) subiu de 4,32% em dezembro de 2015 para 5% no final do ano passado. Também houve redução no volume das operações de crédito, que totalizaram R$ 30 bilhões – 5,2% a menos. Veras Mota credita essa situação à crise econômica nacional. Segundo ele, o Banrisul perdeu 20% da carteira de clientes empresariais. E houve forte redução nas operações de investimento, sobretudo no crédito imobiliário e rural.
– Não tem demanda. No crédito rural, os clientes ficaram apenas no custeio, ninguém investiu. O empresário não tem no horizonte uma previsão de endividamento – avaliou.
Mercado reagiu bem ao balanço
Ao final do exercício, o Banrisul alcançou patrimônio líquido de R$ 6,4 bilhões, crescimento de R$ 234,9 milhões. Os ativos registraram saldo de R$ 68 bilhões, ampliação de 3,1% obtida principalmente na captação de depósitos.
Para o analista Wagner Salaverry, sócio da gestora de recursos Quantitas, o Banrisul mostrou "bons resultados". O especialista destacou a queda de R$ 128 milhões no último trimestre no volume de despesas com provisão para perdas em operações de crédito. Segundo Salaverry, isso demonstra a adoção de critérios rígidos na concessão de empréstimos.
– É um cuidado para não perder dinheiro, e isso é uma das coisas que o mercado mais está observando. No geral, são resultados sólidos. A direção está tocando o banco com prudência e a redução na carteira de crédito não é preocupante – resumiu.
Na avaliação da analista Laís Martins, da gestão de recursos Fundamenta Investimentos, os resultados ficaram dentro das expectativas, apesar da queda no lucro sobre o patrimônio líquido, de 12,8%, em 2015, para 10,3%, em 2016.
