Conhecido como prévia do PIB, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) recuou 4,34% em 2016, indicando o segundo ano seguido de recessão no país. O resultado, anunciado nesta quinta-feira, foi pior do que o esperado pelo mercado financeiro – queda projetada de 3,5%. Se o percentual for confirmado pelo IBGE, que divulga o Produto Interno Bruto (PIB) em 7 de março, a retração da atividade poderá ser a maior dos últimos 26 anos – em 1990, caiu 4,35%.
O cenário para 2017, contudo, é pouco mais alentador, após um ano marcado por turbulências no meio político, o que colaborou para o agravamento da crise econômica. Recuperação, estabilidade, estagnação. Especialistas podem até não chegar a um consenso sobre a palavra que melhor define a expectativa para 2017, mas concordam que o PIB poderá sair, finalmente, do vermelho, com inflação no centro da meta, de 4,5%. Mas a taxa de desemprego, que bate recorde e atinge 12 milhões de pessoas, deve demorar um pouco mais para recuar.
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Para Carlos Alberto Ramos, professor de Economia da Universidade de Brasília, os dados sinalizam que o ciclo da recessão está se esgotando e que "o pior já passou":
– Agora, há período de estagnação, mas dificilmente 2017 fecha com números negativos.
Apesar da instabilidade no cenário político, com possíveis desdobramentos da Operação Lava-Jato, Ramos avalia que medidas macroeconômicas adotadas pelo governo federal, como redução da taxa Selic, podem auxiliar no processo de retomada. Se aprovadas, as reformas previdenciária e trabalhista também são vistas como sinalização positiva para o mercado.
O economista Claudio Considera, da Fundação Getulio Vargas, prevê recuperação mais acentuada no segundo semestre e crescimento do PIB de 0,6%. Para ele, o acesso ao saldo das contas inativas do FGTS é um elemento importante de aumento de renda das famílias, para que elas voltem a consumir, mesmo que isso ocorra de forma indireta, saldando dívidas.
– A perspectiva de mais demanda das famílias e a redução da taxa de juro podem favorecer os investimentos por parte das empresas, que é o que mais importa no momento – avalia.
Conforme o economista Sílvio Campos Neto, da consultoria Tendências, o país pode ter avanço de 0,7% neste ano e de 2,4% em 2018. O quadro atual é de estabilidade, diz:
– Estamos prevendo para o segundo semestre sinais mais consistentes de melhora. O quarto trimestre já deverá registrar crescimento de 2%, na comparação com igual período de 2016.
Menos otimista, Fernando Ferrari Filho, professor da Economia da UFRGS, considera "muito temerário dizer que a economia se encontra em processo de recuperação". Para ele, serão meses de estagnação.
– Claro, em comparação com o que ocorreu nos últimos anos, é um comportamento mais razoável, só não dá para dizer que estamos no rumo certo – afirma Ferrari.