O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, fez seu primeiro pronunciamento no Fórum Econômico Mundial, em Davos, enaltecendo o interesse que os investidores têm demonstrado sobre o Brasil.
– Desta vez, existe uma mudança importante que é uma expectativa positiva sobre o Brasil. Não é a primeira vez, mas é a primeira vez nos últimos anos – disse, durante entrevista coletiva de imprensa.
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As reformas, de acordo com Meirelles, estão sendo muito bem avaliadas. Ele citou que a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do teto de gastos públicos está de acordo com o cronograma que o governo havia anunciado no ano passado. Também mencionou a aprovação pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da admissibilidade da reforma da Previdência na Câmara e as reformas microeconômicas que foram anunciadas.
– Estes são problemas que o Brasil enfrenta há várias décadas – afirmou.
O ministro da Fazenda também enfatizou a classificação sobre a facilidade de produção feita pelo Banco Mundial (Bird).
– O Brasil tem estado em uma classificação muito ruim em vários anos. É a primeira vez que estamos enfrentando esse assunto decisivamente com as reformas microeconômicas – disse.
Ele citou problemas de registro de companhias em juntas comerciais, em grupo de bombeiro, dificuldade de se pagar impostos.
– Há também uma dificuldade burocrática de exportar. Estamos introduzindo um portal que vai permitir um processamento muito rápido de toda a documento de exportação e pagamento de impostos e várias medidas nessa linha – disse.
A questão trabalhista começará a ser endereçada agora também, conforme Meirelles.
– É uma visão bastante positiva. Há muita curiosidade (dos investidores), interesse em saber como está a questão do crescimento do ritmo de atividade da economia – comentou.
Ele voltou a dizer que prevê um Produto Interno Bruto (PIB) negativo no último trimestre de 2016 comparado com o trimestre anterior, mas já espera crescimento no primeiro de 2017. No quarto trimestre deste ano, de acordo com ele, a economia crescerá 2% sobre idêntico período de 2016.
– É o que interessa, mas médias não dizem muito – argumentou.
A redução da inflação também está sendo vista de maneira positiva e consistente pelos investidores, conforme Meirelles, "o que tem permitido ao BC tomar medidas adequadas".
Ao mesmo tempo, salientou o ministro da Fazenda, há muita preocupação por parte dos investidores com regiões sempre consideradas sólidas e estáveis, como na Europa. Ele mencionou a questão dos imigrantes na Alemanha, da saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit), o problema de auxílio do governo italiano aos bancos, o surgimento do nacionalismo e do radicalismo em muitos países europeus e preocupação com as próximas eleições, além de "alguma preocupação" com efeito do início do governo de Donald Trump nos Estados Unidos.
– Eles (os investidores) olham e falam: dentro desse quadro, o Brasil parece muito bom, apesar das discussões políticas e todo o processo de investigação, que continua, mas que é visto como positivo. O Brasil vai cada vez mais mostrando solidez de suas instituições – defendeu.
Para ele, o momento é positivo, apesar de ainda a população brasileira estar sentindo o pico do desemprego.
– Esperamos que no correr deste ano a população vá sentir efeitos da retomada do crescimento. Vai ficar mais claro no segundo semestre deste ano – prometeu.
*Estadão Conteúdo