
Autor de algumas das mais alentadas biografias históricas do país, o escritor e cientista político Jorge Caldeira costuma colocar em xeque não apenas o modo como seus personagens são vistos por alguns historiadores, mas também como os períodos em que viveram são interpretados. Em livros como Mauá, empresário do Império (1995), O banqueiro do sertão (2006), História do Brasil com empreendedores (2009) e Júlio Mesquita e seu tempo (2015), Caldeira revê questões negligenciadas pelas narrativas históricas mais tradicionais, como a importância do mercado interno no desenvolvimento do país e a influência da cultura indígena na sociedade brasileira.
O escritor acaba de lançar 101 brasileiros que fizeram história, com perfis curtos de personalidades que tiveram papel marcante na formação do país. Por ocasião da Feira do Livro, Caldeira esteve em Porto Alegre, onde conversou com os professores de Letras da UFRGS Luís Augusto Fischer, Homero Araújo e Karina Lucena e o doutorando em Literatura Brasileira Sérgio Karam sobre alguns dos mais importantes equívocos históricos do Brasil. Ele também falou sobre Rio Grande do Sul, Ruy Barbosa e a dicotomia entre esquerda e direita.
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Em que medida a vida de um sujeito pode ser a baliza para falar de um período histórico, como foi o caso nos seus livros Mauá, empresário do Império e Júlio Mesquita e seu tempo?
A vida de um empresário marca como estava o setor privado em seu momento histórico. Em alguns períodos, este tipo de trabalho é muito importante para entender o que estava acontecendo, pois as grandes narrativas sobre a história do Brasil, que vêm lá das décadas de 1920 e 1930, hoje morreram, são peças de ficção. Isso ocorreu porque novas metodologias permitiram conhecer dados novos em relação ao Brasil, desmentindo o que estava lá. Tipicamente, narrativas como as do Caio Prado (1907-1990) diziam que o problema do desenvolvimento do Brasil era que, como colônia, fomos explorados, e isso gerou uma pobreza que se refletiu mais tarde. Hoje, há dados quantitativos para dizer com clareza que no período colonial a economia da colônia brasileira cresceu em um ritmo muito maior do que a da metrópole portuguesa. O progresso de uma metodologia levou a uma revisão como essa. É um problema de fatos e não de argumentação ideológica.
Esse equívoco não se restringe ao período colonial.
Em 1815, o Império era economicamente parecido com os Estados Unidos. Exportava a mesma coisa, 4 milhões de libras por ano, e o mercado interno brasileiro talvez fosse até maior que o dos EUA. No entanto, em 1890, na proclamação da República, a economia brasileira era 15 vezes menor que a dos EUA. Ou seja, a renda per capita ficou estagnada por 70 anos. A economia brasileira, que tinha alguma dinâmica no período colonial, perdeu no Império porque passou a competir com o mundo capitalista, e o Brasil foi mal nessa história. No livro sobre Júlio Mesquita (fundador do jornal O Estado de S. Paulo, em 1890), tentei entender como, entre a proclamação da República e 1906, menos de 20 anos, essa economia estagnada se tornou a economia que mais crescia no mundo. Aliás, o período desde a proclamação da República até 1930, na maior parte dos livros, é conhecido como República Velha, quando na verdade, estamos falando de uma transformação radical no padrão de crescimento da economia. Júlio Mesquita e seu tempo é um livro grande porque tenta entender isso, um cenário quantitativo completamente diferente do indicado pela narrativa tradicional. Todo o crescimento nesse período é do setor privado. A República não causou uma revolução política, não mudou radicalmente o número de eleitores, mas a economia teve uma transformação muito profunda.
Uma passagem do livro diz, em outras palavras, que só foi possível essa arrancada econômica de São Paulo por estar longe do alcance da sanha fiscalista do Estado brasileiro.
A economia de São Paulo era a sexta ou sétima entre as 20 províncias do Império, em 1880. De fato, ela passou a ter um ritmo de crescimento maior. Mas é importante lembrar que isso não é apenas uma questão regional. O crescimento da economia foi brasileiro. A economia do Rio Grande do Sul, do Amazonas, da Bahia, de Goiás... todas passam a crescer em ritmo muito acelerado, com indústrias, serviços, bancos, muito mais do que na produção agrícola. Na vida de Mesquita, as coincidências com esse período obviamente não são à toa. Ele começou a trabalhar em 1888, em um jornal, como empregado. O jornal tinha 902 assinantes. Ele morreu em 1927, quando o jornal tinha 48,6 mil assinantes. Dá 10% de crescimento ao ano. Ele multiplicou mais de 53 vezes seu tamanho. Mas a indústria em São Paulo também cresceu perto disso, a indústria no Brasil cresceu 7% ao ano como um todo, em média, nesse período. Os bancos cresciam 10% ao ano; os transportes rodoviários, 6% ou 7%. Já o café, em São Paulo, cresceu 2% ao ano nesses 40 anos. Enquanto o jornal se multiplicou 53 vezes, o café se multiplicou três.
Então o café não foi o responsável pelo crescimento, como afirmam as narrativas tradicionais.
Está na cara que não foi o café. Você tem uma modernização da cidade que não casa com as grandes narrativas. Para isso é que serve uma biografia desse tamanho.
Há um capítulo sobre o que ocorreu com o Rio Grande do Sul nesse mesmo período, especialmente com o castilhismo. O que foi?
Em 1889, São Paulo e Rio Grande do Sul eram do mesmo tamanho. Já em 1899, na primeira década de República, a economia de São Paulo cresceu 2,5 vezes, e a do RS, apenas 0,5. O custo de implantação do regime republicano, por causa da Revolução Federalista, foi altíssimo aqui. Foi nesse período que o crescimento do RS se descolou de SP e do resto do Brasil, que cresciam muito. Depois, o RS voltou a crescer, mas não além da média brasileira, o que significa que começou a ficar para trás.
Aqui havia uma base diversificada também, por conta dos imigrantes.
A economia do Uruguai crescia 6% per capita ao ano no mesmo período por causa da carne. Basicamente, o problema aqui foi que o RS ficou no charque e entrou no frigorífico apenas em 1917. Houve um atraso do ganho econômico da carne. Não sei muito bem qual é a razão disso, mas já havia frigorífico em SP em 1910.
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Ruy Barbosa foi um dos idealizadores da República. A imagem que temos dele é daquele homem pernóstico que fazia questão de repetir palavras, e a sua visão dele como ministro da Fazenda diz que ele realmente destravou aquilo que estava travado.
A obra econômica do Ruy Barbosa foi toda feita em um dia, em 17 de janeiro de 1890. Ele baixou quatro decretos nesse dia. O primeiro transferiu do poder pessoal do rei, o poder moderador, diretamente para a sociedade a decisão de criar ou não empresas. Até então, para você ter uma sociedade anônima, precisava da autorização do conselho do Estado, e o Império tinha orgulho de ter apenas 12 no Brasil. Isso quer dizer que a economia formal era muito limitada, o acesso ao crédito era muito difícil. Todo o capitalismo era impossível no Brasil. O segundo decreto substituía um pedaço grande das ordenações no que se refere ao direito das coisas. Você podia então empenhar bens, fazer hipotecas, entregar essa hipoteca em um banco, e o banco conseguia financiar um construtor, por exemplo. Com isso, criou um sistema de crédito capitalista, que não existia. A terceira coisa que ele fez foi uma tentativa de dizer que isso também valia para a propriedade agrária. E o quarto decreto é o que permitia que os bancos, mediante autorização do governo, emitissem moeda no volume que a economia interna determinasse, e não mais a economia externa, pois a lei anterior era dependente dos saldos internacionais.
O curioso é que tudo isso ia contra o que pensavam os militares, os positivistas...
E os próprios economistas (risos). Em um dia o Ruy Barbosa mudou as condições para favorecer o capitalismo no Brasil. O resto foi feito pelo mercado interno, porque aí tinha condições para crescer. O Ruy sabia disso, e foi odiado por ter rompido uma barreira que nunca mais voltou. Ele criou um mundo mercantil, de crescimento de dinheiro, e o mundo aristocrático acabou aí. O crescimento da economia foi explosivo. Na cidade de São Paulo, a população passou de 60 mil para 240 mil em seis anos.
Em um artigo do livro Nem céu nem inferno, o senhor fala sobre uma característica política que costumamos negligenciar: o fato de que, no âmbito municipal, sempre houve regularmente eleições, mandatos cumpridos, em um nível muito adequado, às vezes até mesmo superior a muitas democracias ocidentais.
Isso fico ainda mais claro no meu último livro, 101 brasileiros que fizeram história. O quarto personagem mais antigo do livro é o João Ramalho, eleito vereador em São Paulo em 1553. De 1553 até hoje, houve eleição em São Paulo de três em três ou de quatro em quatro anos, como em qualquer câmara municipal que vocês imaginarem. O problema é: quem fez isso, se 98% ou 99% da população era analfabeta na época da Independência? Obviamente, isso não é uma coisa de letrados, é cultura popular, oral. É comportamento habitual das pessoas, e nós, que somos intelectuais, não temos instrumentos para lidar com isso. Não conseguimos entender esse processo. Fiz doutorado em ciência política e nunca li um livro que explique isso. Eleição não cai de árvore. Não é fruto. Tem de haver alguma explicação sociológica. Não temos. Mas o parlamento brasileiro é o terceiro do mundo que funciona por mais tempo de modo regular. Mais do que França, Alemanha, Itália ou Japão. De onde veio isso? De Portugal não foi, pois o parlamento lá só vai funcionar depois da Revolução dos Cravos.
A origem está na cultura popular?
Aí vem a segunda fonte de mudança no conhecimento, além da estatística, que permite você ter mais dados sobre a história econômica. É a antropologia. Especificamente, a antropologia tupi-guarani. Há uma tríade de antropólogos de tupi-guarani: Darcy Ribeiro, Roberto da Matta e Eduardo Viveiros de Castro. Essa gente conseguiu dar consistência a uma coisa que a gente não sabia o que era, transformar em conceitos, ideias e pensamentos, como qualquer filosofia, o modo de ser oral dos tupis. Nos 101 brasileiros que fizeram história, uns 40 ou 50 são miscigenados. A miscigenação não é um hábito português, é uma regra da cultura tupi. A cultura tupi-guarani é organizada do seguinte modo: os mulheres ficam na casa, então uma taba qualquer tem a avó, a mãe, a filha e a neta; já os homens vão casar fora, e os maridos vêm de fora. Quando chega ao fim da adolescência, o homem, que foi treinado para isso, sai de casa. Então você tem uma sociedade que é patrilinear, pois a sucessão se dá pelos homens, mas matricial, porque as mulheres são as responsáveis pela casa. Em torno de 1600, cerca de 80% dos homens que chegavam a Salvador casavam com mulheres locais. Uma das minhas personagens é Guaibim Pará, educada como filha de chefe tupinambá, que recebeu um marido de fora, Diogo Álvares Correia.
É o Caramuru.
É. Aí vocês conhecem. Mas a Guaibim Pará, que foi educada na cultura tupi, a gente não conhece. Convertida ao catolicismo, foi a organizadora de toda a vida social de Salvador, que era a cidade mais desenvolvida do país. Organizou o casamento dos filhos, das irmãs, das parentes. Fiz uma biografia chamada O banqueiro do Sertão. É sobre um padre do século 17, Guilherme Pompeu de Almeida. Ele administrava uma manufatura metalúrgica que herdou do pai, com 200 operários e técnicos. Ferro era a moeda de troca com os índios, fazia cunha, machado e trocava por escravo, algodão, farinha. Eram caravanas de negócios. Descobri contratos, menção de negócios desse cara com 400 pessoas. Fiquei dois anos tentando ver quais eram as relações familiares. Nada deu certo. Até que um dia resolvemos analisar com a genealogia tupi, em vez da ocidental. Todos os 400 contratos se encaixaram. O crédito era dado segundo o parentesco tupi, não segundo o parentesco ocidental. A questão econômica da colônia, assim como as eleições, passa por essa origem, que só começamos entender há pouco tempo.
Como o senhor descobriu esses dados?
Digitalizei quase 40 mil páginas de documentos coloniais de São Paulo, e aí é big data: onde aparecia o nome dele e com quem ele se relacionava, buscava ler. Você pega lá, em 1623, contrato com sei-lá-quem, eleito não sei o quê. Com isso, consegui compor algo muito difícil, que é uma biografia de 1,2 mil páginas sobre um personagem do século 17. A tecnologia, que é o terceiro elemento disso, também ajuda muito a mudar (a forma de ver a história). Se eu puder resumir: parti de onde partia todo mundo que tinha conhecimento médio de esquerda nos anos 1970, com referências como Caio Prado, Celso Furtado. Com essas três coisas diferentes, cheguei a resultados completamente diferentes dos próprios pressupostos de onde parti.
O conceito de dependência parecia a chave explicativa para tudo em sua formação acadêmica. Como esse conceito nasceu e caiu por terra?
Há uma grande ironia, porque o livro que deu base a isso foi Dependência e desenvolvimento na América Latina, do Fernando Henrique (Cardoso) e do Enzo Faletto, publicado em 1967. Esse livro era para dizer que o mercado interno talvez tivesse um papel para explicar o crescimento das economias da América Latina, para além da dependência, que parecia uma coisa certa. Virou "teoria da dependência", porque a parte do mercado ficou esquecida.
Onde a economia brasileira empacou?
O Brasil empacou no Império e na globalização. De 1890 até 1973, o Brasil foi provavelmente a economia que mais cresceu no mundo. De 1973 para cá, nossa economia passou a crescer menos do que a média.
Por que houve o atraso em relação à globalização?
Em 1973, a China toma a decisão de deixar de ser uma economia estatal para ser uma economia de mercado. Kissinger foi para lá, fizeram aquele acordo, e houve uma abertura da economia chinesa para o capital externo e para a formação de um setor privado. Hoje, o setor privado chinês é mais ou menos metade do PIB. Para um PIB que cresce na velocidade do chinês, o setor privado cresce exponencialmente mais. Esta tendência que existe na China, um regime de monopólio estatal de partido único, é a mesma que existe na Suécia, um estado socialdemocrata, com regime partidário aberto, mas onde desde 1973 o setor privado passou a crescer em ritmo maior do que o governo. O motor do crescimento econômico na globalização é o setor privado. O comércio exterior crescia mais do que a economia interna, então valia a pena ter empresas buscando crescimento fora de seus países. Já o Brasil, em 1973, estava no auge do milagre econômico, e o Geisel se tornou presidente e tomou decisões baseadas em pressupostos que eram exatamente o contrário disso.
O que Geisel tinha em mente?
Ele pensou algo como: "O petróleo subiu, então vai sobrar dinheiro dos países que estão recebendo do petróleo, fazendo esses países emprestarem esse dinheiro barato. Nós vamos pedir dinheiro emprestado, dando o tesouro como garantia, sendo o governo brasileiro o fiador de tudo, aplicaremos no mercado interno, o mercado interno vai crescer mais do que o externo, pagaremos a dívida e ficaremos ricos, graças ao dinheiro dos outros". Geisel criou 440 empresas estatais em quatro anos de governo. É pelo menos uma por semana. Endividou-as e colocou tudo para operar, fazer Itaipu, usina atômica, estrada de rodagem, turismo... A tendência era a contrária da mundial. Houve um aumento da participação estatal e do mercado interno, e o resultado não foi exatamente o previsto pelo Geisel. Sobrou um monte de dívidas, pagas nos anos 1980, porque os investimentos não renderam o esperado. O falecido Severo Gomes (ministro da Indústria e Comércio no governo Geisel), arrependido disso, dizia que eles esperavam que houvesse muita inflação fora do país, e não um crescimento real da globalização. O fato é que, independentemente das razões, o Brasil pagou essa conta nos anos 1980. Essa crise descolou o ritmo de crescimento do Brasil do resto do mundo. Em 1973, o PIB da China, em números absolutos, era menor do que o do Brasil. Isso é que dá 40 anos de maus negócios. Toda a diferença entre a economia brasileira e a chinesa foi construída de 1973 pra cá. Apostamos contra o mundo e perdemos.
O Brasil está no caminho para se recuperar?
O Brasil começou a recuperar um pouco do atraso com a abertura da economia, com a ideia do Mercosul, da economia de escala, para entrar na globalização. Mas recomeçou a construir atraso com o pré-sal e o BNDES. Não vou discutir aqui partido político, mas a lógica do pré-sal é essa: "Vamos ficar donos de tudo isso, ficar com o lucro, tirar os outros daqui, isso vai ser bacana". Agora estamos com o prejuízo. Se você pegar o discurso de governo em 2006 ou 2007, em uma década estaríamos ricos. Passou uma década, e estamos do mesmo jeito. A criação dos "campeões nacionais", por meio do BNDES, é a mesma coisa, pega dinheiro para investir no mercado nacional... Em 40 anos, há apenas uma empresa global no Brasil, a Embraer. O país tem um setor privado fraco. E o pouco que tem está sendo demolido por essa recessão.
Como vê o contexto político e econômico atual?
Sempre digo que, para falar do futuro, é melhor chamar um economista. O historiador, como o comentarista de futebol, fica tanto melhor quanto há mais tempo já acabou o jogo. Mas acho que, de alguma forma, uma coisa que foi explorada politicamente, a dicotomia entre direita e esquerda, saiu do horizonte. A própria sobrevivência dessa dicotomia até muito recentemente no Brasil já era uma prova de que estávamos atrasados. Relembrando o que falei, a globalização deu certo em países com Partido Comunista único ou social-democrata e liberal. E também deu errado em outros. Enquanto o Brasil pensava por essa dicotomia direita e esquerda, o mundo foi evoluindo, e a gente não estava vendo. E essa dicotomia impede de ver que o PT não governou sozinho. Era uma união nacional liderada pelo PT com mais um monte de gente achando muito bom aquele projeto. Quando você tira a dicotomia da frente, desaparece algo, mas não o fato de que o PT era um governo nacional, apoiado por um empresariado de peso, sindicatos e 70% ou 80% de aprovação popular. O contrário do PT não é a solução para os problemas brasileiros. O Temer não é virtude. E o Fora Temer não expressa um resultado eleitoral recente. Tem mais gente votando, se comportando e se posicionando do que permite ver essa dicotomia entre direita e esquerda. Acho positivo que essa dicotomia tenha saído da frente, mas não sei o que vem no lugar.
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SEIS LIVROS DE JORGE CALDEIRA

Mauá, Empresário do Império (1995)
Livro mais popular de Caldeira e sua primeira incursão em um modelo que seguiria nas décadas seguintes: a história do Brasil revisitada pelos esforços de um empreendedor industrial – Irineu Evangelista de Souza (1813-1889), pioneiro nacional da fundição e do sistema bancário.

A nação mercantilista: ensaios sobre o Brasil (1999)
caldeira apresenta uma nova visão da economia colonial no Brasil. Ele defende que, ao contrário de interpretações consagradas, o país não foi uma ilha de pobreza rural entre 1500 e 1800, mas a maior economia das Américas.

Ronaldo: glória e drama no futebol globalizado (2002)
Lançado na sequência da conquista do Penta pela Seleção Brasileira, na Copa do Japão e da Coreia do Sul, reconta a trajetória do atacante Ronaldo Nazário: de jovem promissor e melhor do mundo a alguém cuja carreira foi dada como acabada – e seu retorno como herói.

Júlio Mesquita e seu tempo (2015)
Obra que, ao longo de quatro volumes e 1,5 mil páginas, entremeia a biografia de Júlio de Mesquita (1862- 1927), o fundador do Estado de S.Paulo, com uma história da evolução do capitalismo no Brasil, do desenvolvimento da imprensa e de São Paulo à categoria de metrópole.

Nem Céu Nem Inferno (2015)
Coleção de ensaios históricos nos quais Caldeira analisa aspectos específicos dos cinco séculos de história nacional. A primeira parte foca-se em figuras importantes do Brasil, como Diogo Feijó e José Bonifácio. Na segunda, ele recupera manifestações antigas da ideia democrática no país.

101 Brasileiros que fizeram História (2016)
Uma coleção de perfis breves de personagens importantes do país, desde nomes reconhecidos pela historiografia oficial, como Dom Pedro II e José Bonifácio (sim, de novo), até gente não tão valorizada, como degradados, índios e populares.