A crise econômica, o avanço de novas tecnologias e eventuais mudanças para flexibilizar as lei trabalhistas afetarão diretamente o mercado de trabalho no próximo ano. Especialistas em recursos humanos preveem que campos de trabalho mais específicos – como administração com foco na gestão de empresas, controladoria especializada em redução de custos, tecnologia aplicada a procedimentos industriais –, com capacidade para dar sobrevida às companhias em época de economia esfacelada, terão maior potencial para gerar vagas e melhores salários em 2017.
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– O mercado de trabalho está em mutação e, no próximo ano, devem avançar algumas tendências que já temos acompanhado, como automação de processos, serviços de compartilhamento e negócios digitais – afirma o presidente da seção gaúcha da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-RS), Orian Kubaski.– Isso impõe um grande desafio aos setores e às carreiras convencionais – completa.
A previsão de especialistas é de que as empresas continuem tentando reduzir custos e direcionem seus setores de RH a buscar funcionários que, independentemente da área de atuação, ajudem a trazer soluções inovadoras para as companhias, melhorando a saúde financeira e destrinchando mais espaço no mercado consumidor. Trabalhadores com um olhar mais amplo do funcionamento do negócio, que consigam se enquadrar às estratégias das companhias, são valiosos.
– O mercado estará em busca de profissionais focados em dar resultados para as empresas, que entendam muito bem os clientes e suas necessidades – aposta o sócio-diretor da Missel Capacitação Empresarial, Claudio D’Amico, que destaca:
– Serão especialmente valorizados profissionais com conhecimento da área financeira e contábil, fluência no idioma inglês e que interajam com todas as áreas da empresa.O diretor executivo da Bazz Estratégia de Recursos Humanos, Celso Bazzola, aponta que, em todos os campos de atuação, é preciso desenvolver as competências e manter o foco nas oportunidades do mercado de trabalho para conseguir uma oportunidade.
– Não se deve alterar os planos profissionais para outras carreiras apenas por tendências: o mais importante é avaliar suas habilidades e sua paixão, assim o sucesso será inevitável – sugere.
Áreas com boas perspectivas
-Gestão de empresas: A tendência é que a necessidade de gestão avançada em empresas familiares e naquelas que buscam a internacionalização continue abrindo oportunidades para profissionais com graduação ou pós-graduação na área de gestão de empresas.
-Controladoria: Em momento de crise, controlar e focar na redução de custos e no acompanhamento de resultados torna-se fundamental para o sucesso e para a superação das dificuldades: ou seja, mais oportunidades para contadores e administradores.
-Marketing em ponto de venda: Na briga do varejo para aumentar as vendas em meio à crise da economia, têm crescido as apostas na publicidade no ponto de venda, montagem de gôndola e exposição de lançamentos. Um caminho para profissionais de publicidade, marketing e design.
-Tecnologia da informação (TI): Com a ampliação da automatização das indústrias e a necessidade de ampliar o uso de tecnologia em empresas de todos os portes, as portas para profissionais de Tecnologia da Informação devem continuar abertas, com bons salários.
-Sustentabilidade em agronegócio: Uma área que tem atravessado com certa tranquilidade a crise, o agronegócio passa a investir mais em tecnologia e sustentabilidade, o que abre um novo campo de atuação para engenheiros agrônomos e especialistas ambientais.
-Cuidados pessoais: Com o avanço da idade da população brasileira, ficará mais evidente a busca por saúde e qualidade de vida de idosos: enfermeiros, cuidadores, fisioterapeutas e geriatras deverão ter boas oportunidades em 2017.
Áreas com maiores desafios
-Ciências sociais: A crise no serviço público em todas as esferas poderá reduzir o número de concursos para profissionais de áreas das ciências sociais, além de secar fontes de financiamento a publicações e pesquisas. A possibilidade é de que a iniciativa privada absorva parte desta mão de obra.
-Engenharia e arquitetura: O setor de construção civil dificilmente retomará as atividades a pleno no próximo ano e, com menos projetos e construções, diminuem também as vagas para engenheiros, arquitetos e demais profissionais envolvidos em canteiros de obras.
-Produção industrial: Mesmo que haja retomada na atividade da indústria, a capacidade ociosa elevada poderá protelar as contratações de profissionais de engenharia de produção e das linhas de montagem.
-Comércio varejista: Deve haver dificuldade para ampliação na contratações de vendedores, estoquistas e atendentes no comércio, em razão da crise econômica e do endividamento da população, que reduz gastos nas lojas.
Fontes: Orian Kubaski, presidente da ABRH-RS, Claudio D’Amico, sócio-diretor da Missel Capacitação Empresarial, e Celso Bazzola, diretor executivo da Bazz Estratégia de Recursos Humanos.