Os funcionários da Guerra SA realizaram um protesto na manhã desta quinta em frente à empresa. A movimentação começou por volta das 7h e ocorreu em função do atraso no pagamento dos salários.
No início deste mês, a Guerra SA depositou apenas 40% do pagamento dos trabalhadores referente a setembro. O restante ainda não foi pago. Desde então, boa parte das atividades da empresa está paralisada.
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– A situação está bem complicada. Só não atrasei o aluguel porque eu tinha uma reserva, mas se eu não receber logo não vou mais conseguir pagar nem isso – lamenta Edson Marcelo de Oliveira Pereira, que tem 38 anos e é funcionário da Guerra há 15.
Em processo de recuperação judicial desde julho de 2015, a Guerra S.A. Implementos Rodoviários foi altamente impactada pela crise econômica que restringiu os pedidos no polo automotivo da Serra. Atualmente, a empresa conta com 800 funcionários.
– Estou aqui (na Guerra) há 19 anos e é a primeira vez que passo por essa situação de atraso nos salários. O que queremos é saber o que está acontecendo e o qual é o nosso futuro – destaca o trabalhador Luis Antônio Schaffer, 48 anos.
No começo de outubro, a Guerra divulgou que conta com um plano de capitalização (captação) de US$ 10 milhões de um investidor internacional à espera de decisões e perícias judiciais, o que seria determinante para o pagamento dos salários.
– A gente sabe que há uma divergência referente ao valor do imóvel que está sendo colocado como garantia nessa possível negociação. A Justiça está analisando isso com cuidado, até para não aprovar nada que seja uma manobra visando apenas o lucro. Mas não queremos nos envolver nisso, o que queremos saber é do pagamento, porque os trabalhadores precisam dos salários – ressalta Claudecir Monsani, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos.
Cerca de meia hora depois do protesto começar, um representante da Guerra chamou a direção do sindicato dos trabalhadores para uma reunião. Assis Melo, presidente da entidade, convocou outros cinco trabalhadores para também participar do encontro que durou aproximadamente uma hora e meia.
– Nos prometeram nessa reunião que a Guerra vai pagar a outra parte dos salários do pessoal da produção na próxima segunda – revela Monsani.
Após o encerramento da reunião, o protesto foi encerrado. Ainda não está confirmado se os funcionários voltarão a trabalhar também na segunda-feira, dia previsto para o acerto do salário. O retorno depende da compra de matéria-prima.
Considerada uma das maiores fabricantes de implementos rodoviários da América Latina, a empresa, até então familiar, foi vendida em junho de 2008 para o fundo internacional Axxon Group. Uma dívida de R$ 212 milhões envolvendo financiamentos com bancos e débitos com fornecedores motivou a Guerra a solicitar recuperação judicial no ano passado.