O Badesul recuperou a condição de agente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e voltou a ter permissão para repassar recursos federais para investimentos no Estado. Em encontro realizado nesta quarta-feira, no Rio de Janeiro, com o diretor da área de crédito do BNDES, Cláudio Coutinho, o secretário do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do RS, Fábio Branco, e a presidente do Badesul, Susana Kakuta, foi apresentado um plano de contingência para recuperar o ponto de equilíbrio operacional e diminuir a dependência da agência de recursos vindo do banco federal.
Agora o Badesul volta a ter a nota de alavancagem 2,2, indicador que mostra a capacidade da agência realizar novos empréstimos. O índice corresponde a um valor de aproximadamente R$ 130 milhões. A escala vai de zero a 9.
O fim da suspensão vem acompanhado da exigência do aprofundamento de medidas já adotadas pela atual gestão, como a redução da folha de pagamento a partir de um programa de demissão voluntária (PDV), a remontagem da área de acompanhamento e renegociação de débitos, a reestruturação da gestão interna e a limitação do teto de empréstimos a R$ 5 milhões para desconcentrar operações.
Leia também
Piratini optou por manter calotes em sigilo para preservar Badesul
Tarso sobre Badesul: "Todos os esclarecimentos estão sendo prestados"
Caso Badesul: Ministério Público Estadual avalia abrir investigação
– O BNDES vai acompanhar de perto nos próximos dois meses os resultados das ações tomadas. Vamos focar na redução do grau de inadimplência para conseguirmos aumentar nosso índice de alavancagem – afirma Susana Kakuta.
A agência de fomento havia sido descredenciada pelo banco federal há duas semanas, quando o BNDES rebaixou para "zero" a nota do Badesul. Antes da suspensão o indicador também estava em 2,2.
Para justificar a redução da nota da agência gaúcha em 14 de setembro, o BNDES apontou os sucessivos prejuízos financeiros do Badesul, a concentração de operações de crédito, a deterioração na qualidade da carteira, grande quantidade de clientes em recuperação judicial e a falta de capacidade de capitalização do controlador, no caso o governo do Estado.
Reportagem de Zero Hora revelou que, somente nos acordos com a Iesa Óleo e Gás e Wind Power Energia, o banco gaúcho sofreu calote de R$ 140 milhões, em valores atualizados pelos encargos contratuais. As empresas tomaram recursos contando com a flexibilização de exigência de garantias, entre outras práticas que não seguiram os métodos mais recomendadas pelo Banco Central.