O empresário Mario Amato, ex-presidente da Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp), morreu na quinta-feira passada na capital paulista, aos 97 anos. A notícia só foi divulgada na noite de terça-feira, dia 31. As causas da morte não foram informadas.
Acionista majoritário da holding Springer, Amato foi um executivo de grande importância no mercado brasileiro. À frente da Fiesp/Ciesp, entre 1986 e 1992, defendeu a diminuição da participação do Estado na economia, com liberdade total de preços. À época, vivenciou a ascensão e queda de Fernando Collor de Melo e se tornou um grande desafeto de Luiz Inácio Lula da Silva.
Nas eleições de 1989, Amato afirmou que, se o petista fosse eleito, "800 mil empresários deixariam o país". Na ocasião, a frase teve grande repercussão na mídia e em toda a classe empresarial. Mais tarde, em 1994, disse que o petista caminhava para a direita. Coincidentemente, os dois tinham a mesma data de aniversário.
– A única coisa que nos une é o dia do aniversário: 27 de outubro – costumava dizer.
Em 2002, no entanto, 13 anos depois da famosa frase conclamando os empresários a saírem do País, o empresário disse que não a repetiria. Na época, disse que, se fosse convocado, até daria uma força ao governo petista:
– Sou Brasil Futebol Clube.
Além da Fiesp, o empresário também presidiu a Confederação Nacional das Indústrias, foi conselheiro da Fundação Padre Anchieta e do Teatro Municipal de São Paulo. Desportista desde a juventude, passou pelo conselho de vários clubes de futebol. Foi diretor da Federação Paulista de Futebol, presidente da Federação de Automobilismo de São Paulo e presidente do Clube Atlético Paulistano.
Carreira
Amato começou sua carreira cedo, aos 14 anos, numa papelaria. Filho do descendente de imigrantes italianos José Amato e da italiana Olga Amato, ele nasceu em São Paulo em 1918. Seu pai era dono de uma alfaiataria e de uma loja de tecido na rua São Bento, no centro de São Paulo.Estudou no Colégio Anglo-Latino até os 14 anos, quando foi obrigado a parar por causa da crise de 1929, que levou os negócios do pai à falência. A partir daí, passou a trabalhar na Companhia Oscar Rudge de Papéis.
Em 1948, saiu da empresa para abrir o próprio negócio. Durante esse período, voltou à escola e concluiu o ginásio, fez o curso de contabilidade e chegou a ingressar no curso de economia da Faculdade Armando Álvares Penteado. Também nessa época ficou noivo de Rogéria Pinto Coelho e propôs sociedade ao futuro sogro, proprietário da Amorim e Coelho Cortiças.
Com essa associação, recebeu espaço na fábrica para montar sua seção de papel e, em troca, passou a ajudar o sogro na administração. Pouco tempo depois, casou-se com Rogéria e passou a dividir a direção da papelaria com a loja de cortiças.
Repercussão
A notícia da morte de Amato gerou uma série de manifestações de empresários. Em nota, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, afirmou que "Mario Amato foi um líder empresarial que deu uma importante contribuição para a história do Brasil". A entidade também prestou uma homenagem ao empresário com uma publicação em jornais de grande circulação no País.
A Associação das Indústrias de São Roque, Araçariguama, Alumínio e Mairinque também prestou condolências à família pela morte do empresário.
A missa de sétimo dia será realizada nesta quinta-feira, na Paróquia São José, no Jardim Europa, em São Paulo.