Nesta quarta-feira, a Moody's, última agência de classificação de risco que ainda mantinha o Brasil com grau de investimento, rebaixou a nota do país. Agora, as três principais empresas que avaliam a capacidade do país de honrar suas dívidas classificam o Brasil como nível especulativo.
A primeira agência tirar o selo de bom pagador do país foi a Standard e Poor's (S&P), em setembro. Três meses depois, foi a vez da Fitch retirar grau de investimento do Brasil. Em setembro, a S&P também retirou o grau de investimento da Petrobras e outras 34 empresas.
Sabe o que significa essa decisão das agências? Entenda, passo a passo:
O que é esse rating?
O rating, ou avaliação de risco, é feito por agências especializadas - as mais importantes são três: Standard & Poor's, Moody's e Fitch - para ajudar investidores internacionais a avaliar a conveniência e a remuneração de aplicar seus recursos em papéis que representam dívida. É feita tanto para países quanto para empresas. No caso dos países, o que está em questão é a chamada "dívida soberana", emitida por governos.
O que é grau de investimento?
As notas dadas pelas agências são organizadas em dois grandes grupos, um de baixo risco, chamado grau de investimento, e outro de risco mais elevado, chamado grau especulativo. O primeiro grupo equivale a uma espécie de clube de países considerados bons pagadores. O segundo também recebe investimentos, mas quem aplica exige uma remuneração maior, expressa em taxas de juro pagas pelo emissor da dívida.
Para que serve?
O rating é uma forma de medir o risco de investir. Quando a nota cai, indica que os investidores vão exigir remuneração proporcionalmente maior para aplicar seus recursos em determinado país. Além disso, vários fundos de pensão têm regras que exigem notas de duas diferentes agências em grau de investimento para comprar papéis da dívida. Sem essa condição, sequer fazem o investimento.
O que as agências observam?
A principal análise é a trajetória da dívida. Se está estável ou diminuindo em relação do PIB, significa que a capacidade de pagamento melhora e o país se torna mais confiável.
Quais são as consequências de perder o grau de investimento?
- Perda de investimentos externos
Com a perda do selo de bom pagador, investidores estrangeiros - principalmente fundos de pensão, que têm exigência de duas notas em grau de investimento para fazer aportes tendem a deixar de aplicar recursos no Brasil. Além disso, dinheiro já investido aqui deve migrar para outros mercados, provocando uma fuga de capital.
- Alta do dólar
A saída de recursos estrangeiros do país provoca escassez de dólares no Brasil, o que pode levar a uma natural alta da moeda americana. Como já existe muito nervosismo do mercado, essa consequência tende a ser acentuada. A lógica é simples, obedecendo a lei de oferta e demanda: com menos dólares no Brasil, a moeda se torna mais cara por aqui.
- Crédito mais caro
Empresas brasileiras também são afetadas pela deterioração da nota de crédito brasileira. Especialistas apontam como outro possível risco a elevação das taxas de juros pagas por companhias brasileiras que quiserem captar recursos no Exterior.
* Zero Hora