Anunciado em agosto, prometido para setembro e adiado até o início de outubro, o esperado corte nos 39 ministérios agora está marcado para esta sexta-feira. Embora boa parte das mudanças tenha sido exaustivamente discutida, ainda há dúvidas sobre nomes e composições. Só o Ministério da Cidadania, que concentraria três pastas atuais, já teve três candidatos a titular.
Enquanto o governo não conclui o elaborado quebra-cabeça para tentar garantir apoio, a expectativa congela também o ambiente de negócios. O governo não governa, o Congresso não legisla e as empresas não investem.
Dilma demite ministro da Saúde por telefone e acelera reforma
Técnicos perdem espaço para políticos no ministério
Executivos esperam para saber com quem falar para encaminhar sugestões contra a crise. Companhias aguardam sinais de que o mercado se estabilizou para tocar projetos. Consumidores hesitam em fazer compras pesadas por não saberem se manterão seus empregos. Até bancos públicos refazem planos por conta da instabilidade.
Em decisão esperada no universo financeiro, a Caixa confirmou na quinta-feira que vai adiar sua oferta inicial de ações (IPO na sigla em inglês), "considerando o momento atual do mercado". Observadores atentos da situação do mercado financeiro argumentam que fazer esse tipo de operação agora seria "deixar dinheiro na mesa" - vender ativos em momento de desvalorização.
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Chegou a hora de o Planalto mostrar as suas cartas. O dólar ronda os R$ 4 há 10 dias. Se até os otimistas se exasperam com a falta de pressa no Planalto, publicações que sempre se caracterizaram, nos últimos anos, por azedume extra em relação ao país carregam nas tintas. A revista britânica The Economist afiou a metáfora e afirmou, em artigo sobre o Brasil, que assim como os cães podem cheirar o medo nos humanos, o mercado financeiro ataca ao farejar "paralisia e divisão" nos governos.